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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Guerra ao Terror (The Hurt Locker) - 2009; a tensão psicológica na guerra nessa obra-prima

Guerra ao Terror (The Hurt Locker), lançado em 2008.
Um filme de Kathryn Bigelow.
Uma obra prima.
Kathryn Bigelow foi a primeira (e até agora, única) mulher a conseguir um Oscar de melhor diretor, e não foi por pouco. Simplesmente ela se revela uma mestra do suspense e da tensão, sem se valer de clichés. Um olhar intenso sobre a Guerra do Iraque, que irá te fazer roer as unhas. Sem dúvida um dos melhores filmes da década de 00's.

"A adrenalina do combate é, muitas vezes, um vício poderoso e letal; como tal, a guerra é uma droga";

é com esta citação de um best-seller de 2002 que o filme abre, antes de restar na tela apenas "a guerra é uma droga", dando, então, um sentido conotativo à droga e que sintezirá o restante do filme enquanto o denotativo se encarrega de caraterizar o protagonista.
Estamos no Iraque, e um esquadrão anti-bombas do exército americano foi chamado para desarmar uma bomba improvisada no meio de uma via de Bagdá. O local está cercado de civis, provavelmente um deles o responsável pelo explosivo aguardando apenas uma oportunidade para matar um militar. E então o chefe da operação tomba, mesmo tendo seguido o protocolo de segurança.
Logo chega um novo especialista para substituir o que morreu, e ele é Willian James (Jeremy Renner), um militar esperiente e ousado. Com ele trabalham o sargento JT Sanborn e o especialista Owen Eldridge. Eles precisam ficar no país por mais alguns dias antes de poderem voltar para casa, mas a cada dia surge mais uma estressante missão, agravada pelos conflitos entre os membros da equipe.

Lendo a sinopse podemos vir a pensar que o filme não passa de um ação barato e apelativo, mas já nos primeiros minutos dá para ver que a realidade é outra e estamos diante de um verdadeira obra prima. O que sustenta Guerra ao Terror nem é tanto o roteiro, que é excelente, mas sim seus personagens. Três homens no limite da tensão psicológica e do estresse. O trabalho deles não admite erro, e todos eles, principalmente Willian James,  moldam seus papéis não baseados em diálogos, que não são muitos; mas sim em suas expressões, seus gestos, até mesmo sua respiração. Em segundos e sem uma única palavra, apenas olhando nos olhos, reparamos o que cada um sente: excitação, ansiedade, estresse e medo, muito medo. Mas eles não podem demonstrar o medo, precisam repreendê-lo, mostrarem-se mais fortes do que realmente são; mesmo cercados de horror e iminente perigo. Ao redor uma cidade destruída e pobre: a guerra é uma droga, uma porcaria. 
Como se não bastasse dois deles estão sempre em atrito: Sanborn, um homem eficiente mas sempre interessado em seguir o protocolo, não suporta o novato com suas irresponsabilidades: impulsivo, Will faz seu trabalho a base do improviso e de coragem, mesmo tendo uma vasta experiência e se mostrar um verdadeiro especialista, cuidadoso como um cirurgião. Na verdade Willian James gosta de sua profissão, para ele a guerra é uma droga no sentido literal: ele é dependente do perigo.

Kathryn Bigelow revela seu poder de deixar o filme tenso, com pouquíssimos efeitos especiais, devido ao baixo orçamento, uma merreca de 11 milhões (pouquíssimo, no mundo do cinema).
Cada minuto de filme tem um ar pesado e sempre a pergunta: será que eles sairão vivos deste missão. A narrativa é feita de um modo lento, e a fotografia - claramente realizada por câmeras de mão - trêmula só aumenta o desconforto no espectador. Se não bastasse estamos no deserto, numa paisagem feia e sem vida. Sem dúvida uma das melhores cenas é aquela em que ficam cercados por franco-atiradores: nenhum som que não a respiração dos homens, cansados e com sede, concentrados na mira de seus rifles. A mosca irritando-os, na minha visão, é o melhor figurante de toda a película (ao ver o filme vai entender o que estou falando). Outras cenas merecem destaque: os homens caminhando no escuro; por rápidos segundos só temos escuridão e silêncio, uma das cenas mais tensas e desconfortáveis que já vi. Paralelo a isso temos a cena no chuveiro e o choro de James diante do corpo-bomba: é nessa hora que vemos a humanidade dos homens que não se permitem sofrerem.

O que posso dizer é que essa resenha mal feita está longe de fazer justiça quanto à qualidade do filme que é impecável. Se você gosta de drama DEVE assistí-lo, nem se preocupe se não gostar de guerra, suspense ou ação, aqui o que é desenvolvido é o que interessa: as pessoas.

#ficaadica

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