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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Notas sobre um escândalo (Notes on a Scandal) - 2006; o peso da solidão e da sexualidade na vida humana

Notas sobre um escândalo (Notes on a Scandal), lançado em 2006.
Um filme de Richard Eyre.
Em 2001 Judi Dench já havia trabalhado com Richard Eyre, no filme IrisNa época recebeu diversas indicações a prêmios, inclusive ao Oscar. O sucesso se repetiu em 2006. Neste excelente filme ela faz um papel diferente e convincente na pele de uma mulher amarga e solitária e novamente é indicada ao Oscar, entre outros prêmios, sem dúvida um de seus melhores trabalhos. Ao seu lado, não menos talentosa e convincente, está Cate Blanchett, igualmente indicada ao prêmio. Quem acompanha o blog sabe que as duas estão entre minha lista de atrizes prediletas, mas não suspeitem: estou sendo imparcial ao dizer que ambas fizeram bom trabalho aqui e são o maior ponto alto desse drama com ar de thriller psicológico, junto à trilha sonora de Philip Glass. O roteiro é adaptado de um romance de Zoë Heller, de mesmo nome.

Estamos em Londres, numa escola pública. Barbara (Judi Dench) leciona história. É uma mulher solteirona, à beira da aposentadoria, solitária, fria e amargurada. Não é bem vista pelos alunos pelo seu jeito durão. Ao contrário dela, Sheba (Cate Blanchett) é uma professora recém-chegada, jovem, bonita e popular entre os alunos. As duas se tornam amigas e Barbara se sente num período feliz de sua vida. Mas a relação é abalada quando ela descobre que Sheba tem um caso amoroso-sexual com um de seus alunos, de apenas 15 anos. Ela ameaça levar a verdade ao colégio caso a amiga não prometa encerrar o caso. Sheba tenta, mas não consegue e continua seu relacionamento com o garoto em segredo. Mas Barbara volta a descobrir e desta vez obriga Sheba a terminar. Mas Barbara tem planos obsessivos para Sheba, e faz o que for preciso para tentar conseguir o que quer, inclusive revelar o escândalo, trazendo consequências destrutivas.

Ambas as personagens são curiosas e tem algo em comum que as une: a solidão. Barbara, embora possa parecer a primeira vista, não é uma vilã; é uma vítima de si mesma, como todos nós o somos. A verdade é que este filme, como todo bom drama, não possui vilões e mocinhos, assim como a nossa vida também não possui, tudo é relativo e fruto das circunstâncias, e é este realismo que torna a película tão sedutora. Mas voltando a Barbara, suas atitudes reprováveis são um reflexo da vida solitária que levou, revelando o papel das relações sociais e da plena sexualidade na construção da felicidade; não sabemos se ela é homossexual - talvez seja bissexual - o que sabemos é que nutre um desejo por Sheba. 
A personagem de Cate Blanchett também possui suas singularidades. Mesmo sendo casada e possuindo dois filhos, um deles doente, ela sente-se sufocada e distante, até sem personalidade, talvez por ter se casado cedo e com um homem bem mais velho. Seu caso com o aluno é um refúgio de tudo isto, mas infelizmente é um crime. Nesse momento o espectador pode se escandalizar e julgar Sheba, a pedófila adúltera, mas acompanhando sua vida ao longo do filme, e entendendo que o caso foi iniciado por, e com total consentimento do garoto - que nem é tão jovem assim, 15 anos, e além do mais que garoto nunca se sentiu atraído por uma professora? - nos questionamos sobre a validade de tal tabu social. Ela e o garoto são livres e humanamente falhos e cheios de vigor e desejo sexual.

A questão é que todos os personagens, protagonistas ou não, possuem seus defeitos, qualidades e singularidades; são humanos. E toda essa história escandalosa nos conduz a uma reflexão.

#ficaadica

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