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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Ônibus 174 - 2002; as raízes da violência estão na sociedade que exclui

Ônibus 174 (Ônibus 174), lançado em 2002.
Um documentário de José Padilha.
O primeiro documentário do blog é um dos mais reconhecidos trabalhos cinematográficos brasileiros, dirigido por José Padilha, o mesmo diretor de Tropa de Elite.
Com todo um ar de filme, usando de meios esteticamente interessantes sem jamais deixar o tom de documentário e de tragédia, ele não só retrata os momentos de tensão do sequestro de 5 horas do ônibus 174 no Rio de Janeiro em junho de 2000; como revela um lado obscuro e sub-humano no qual cresceu o autor do crime e outros moradores de rua. Isso usando apenas imagens reais, sem encenação ou simulações. 
É um documentário que nos faz questionar o mundo de exclusão que a sociedade impõe aos marginais, sem em nenhum momento justificar a ação violenta de Sandro, o sequestrador, mas sim revelando que aquilo tudo era consequência de uma série de problemas sociais que o país enfrentava na época e ainda hoje luta contra. Havia um balanço: as vítimas de Sandro era a sociedade que também havia feito dele uma vítima, sendo um sobrevivente de uma chacina. Essa inversão de papéis é muito bem retratada e comentada nas várias entrevistas, há quase um consenso que ele era um invisível que queria visibilidade, e assim também ocorre com muitos outros Sandros espalhados pelo país e pelo mundo. De fato ele sugere uma causa para a violência urbana, o que acaba sendo um soco no estômago no espectador.
Outro aspecto interessante é o questionamento sobre a eficácia da policia no país e a ética da imprensa. Todo o documentário conta com entrevistas de parentes de Sandro, as vítimas sobreviventes, amigos de rua do sequestrador, um marginal totalmente coberto (um dos "personagens" mais interessantes do filme, que apóia a ação criminosa e revela seu descontentamento com todo o sistema), moradores de rua contando a dificuldade de suas situações, denúncia de prisões em condições sub-humanas e policiais envolvidos narrando suas versões, elogiando ou criticando a ação da polícia e da delegada na ocasião.
É um filme muito interessante, que convida a uma grande reflexão sociológica; apesar do ar de thriller, pois o espectador fica tenso durante as quase duas horas. Com certeza o cinema nacional tem aí um bom representante. 
#ficaadica

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