Um filme de Fernando Meirelles.
A verdade é que Fernando Meirelles é Cidade de Deus e nada mais. Nesse filme ele errou feio, e nem a presença de Julianne Moore e Gael García Bernal no elenco consertaram esse desgosto.
Em uma cidade grande uma epidemia de cegueira, a qual é branca e não negra, se alastra. Por motivos nunca compreendidos, apenas uma mulher continua a ver, e quando os primeiros cegos são trancados num manicômio para ficarem de quarentena e tentarem conter a epidemia, ela finge-se de cega para não abandonar o marido. Então é revelado o que o ser humano é capaz de fazer para sobreviver, e que nunca deixa de lado o egoísmo. Um completo caos toma conta da cidade, com corpos apodrecendo em meio às ruas. Como no livro, os personagens não possuem nome.
Os conhecedores do trabalho do escritor sabem que o melhor no livro é o narrador. O narrador é a graça e o protagonista do livro, os personagens são segundo plano. O narrador é que faz seus comentários ásperos e sarcásticos e nos conduzem a um filosofar, e no caso de Ensaio sobre a cegueira, mostra a podridão da alma humana e da sociedade capitalista e individualizada. A verdade é que Ensaio sobre a cegueira não deveria ser adaptado para teatro ou cinema, não combina.
Obviamente de narrador não há nada no filme, salvo uma ou outra frase. O filme também quase não revela o lado obscuro do livro, que é mostrar como a civilização está degrada.
Caso nunca tenha lido o romance e não tenha a mínima pretensão de ler (coisa que desaprovo, é uma leitura deliciosa), então assista e veja a originalidade do enredo, embora aqui muito mal retratado.
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