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sábado, 19 de dezembro de 2015

Filhos do Paraíso (Bacheha-Ye aseman) - 1997; corra, Ali, corra

Filhos do Paraíso (Bacheha-Ye aseman), lançado em 1997.
Um filme de Majid Majidi.
Filme meia-boca iraniano, não sei porque fez muito sucesso em festivais mundo afora na época de seu lançamento. Conta a história de dois irmãos de família humilde e suas dificuldades diárias. A inocência toda tem algum charme, mas é um filme maçante.

Ali, menino de uns 9 anos, perde os sapatos da irmã, o único par que ela tinha já que a família é muito pobre e a mãe doente. Ele esconde o ocorrido dos pais e entra em acordo com a irmã para que revezem o par de tênis dele, pois segundo ele além de apanhar do pai a situação agravaria as finanças já frágeis do pai, que teria que arrumar dinheiro sabe-se como para comprar novos sapatos.

É um filme sobre valores, muitos dos quais em recente declínio. Honestidade, humildade, inocência, amor. Não é bom, porém. Meia horinha e já deseja imensamente que o filme acabasse logo.

Devo ter sido um dos poucos, mas não gostei nada da atuação de Amir Farrokh Hashemian, o pequeno Ali, parecidíssimo com o Zeca Pagodinho. Só prestava para fazer cara de choro. De três em três minutos pode esperar, ele arregala os olhos úmidos. A birra que ele faz, desesperado para entrar no processo de seleção de corredores, tirou o pouco de empatia que eu sentia pelo personagem. Muito mais feliz como atriz foi Bahare Seddiqi, que interpreta Zahra, a irmã cujos sapatos se perderam - diga-se já, por estupidez do irmão. Ela sim tem uma doçura e uma inocência mais natural que o garoto.
A vida dos dois é uma correria sem fim por becos estreitos do subúrbio de Teerã, choramingando, levando bronca, cometendo idiotices, levando cambapés, correndo inutilmente atrás de um tênis levado por uma enxurrada moderada - meu primo de 3 anos conseguiria alcançar o sapato na primeira tentativa. Alguém dê Biotônico Fontoura à menina, deve ser anemia (tomara que não falciforme, como é comum em Oriente Médio) que causou essa letargia nela.

Majidi ainda tem uma obsessão por mostrar os cenários, que passa dos limites. Não tem quase nenhuma cena ou plano em que ele não começa filmando à distância, ou com closes em pedacinhos da escada, quinas da parede, ou fazendo panorâmicas, antes de enquadrar o que importa de verdade. Tal estilo tem sido usado e dado certo com muitos cineastas, quando a sensibilidade é grande e - embora não necessário, mas ajuda em muito - os cenários belos e ou ricos em detalhes. Não foi o caso aqui. O apelo a essas técnicas estéticas é mal sucedido até mesmo nos travellings em que o garoto corre na maratona.

O Irã tem bons filmes e não é tão raro alguma obra de lá ganhar o mundo. Mas esse aqui não recomendo. 

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