Um filme de Clint Eastwood.





Mistura de road movie com gênero policial e remetendo a western, A perfect world é um filme sobre a criação de laços e sobre paternidade (ou, de certo ângulo, uma desconstrução da paternidade). O que move o filme é uma empatia que o público sente pelo protagonista e criminoso Butch. Ele é um assassino, um fugitivo, mas cativa ao tratar tão bem Philip, seu refém. Essa relação de amizade (ou de pai-filho) que se desenvolve entre eles é fruto, principalmente, de uma semelhança entre os dois: ambos cresceram sem o pai. O garoto ainda é criado numa família de Testemunhas de Jeová e por isso sofre algumas privações tolas como não poder andar de montanha-russa ou brincar no Halloween, o que faz dele triste e demasiado inocente. Num geral Eastwood comanda essa criação de laços de forma bastante natural e convincente, mas é inegável que em certos momentos pontuais a coisa pende para a pieguice ou fica no mínimo pouco crível. Isso, no entanto, não chega a desgastar muito a obra. Também há de se dizer que alguma eventual pretensão de comédia ou ação na maioria das vezes também não agrada.


Enquanto o garoto e os criminosos avançam o estado, atrás deles vai um núcleo policial a persegui-los. Nele um xerife durão, convencido pela "criminologista" e psicóloga Sally, tenta se colocar no lugar do criminoso para não só entender a motivação de seus crimes como também prever seus passos. Ao fazer esse exercício de empatia (e se lembrar do passado em que teve um breve contato com a vida de Butch) ele vai entender que o mundo não é maniqueista, todas as pessoas são ambíguas e ambivalentes, e, claro, o mundo não é perfeito. O que Eastwood tenta mostrar de maneira discreta é que o bem e o mal são conceitos que diferem de pessoa para pessoa e disso podem surgir injustiças.
Nenhum comentário:
Postar um comentário