Drama Comédia Animação Suspense Romance Curta-metragem Faroeste Fantasia Ação Aventura Musical Ficção Guerra Épico Crime Terror

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Um Mundo Perfeito (A Perfect World) - 1993; é preciso julgar as pessoas num contexto

Um Mundo Perfeito (A Perfect World), lançado em 1993.
Um filme de Clint Eastwood.
Eastwood ainda estava na sombra do sucesso de Os Imperdoáveis quando lançou este filme, que; na posterioridade acabou ficando um tanto ofuscado em meio ao restante da filmografia do diretor. Apesar disso o filme na época teve uma bilheteria grande. Mesmo alguns deslizes pontuais, está entre as boas obras do cineasta.

Dois homens fogem de uma prisão texana no início dos anos 60. Um deles invade uma casa e acabam se metendo num escândalo que os obriga a fugirem com um garotinho que vivia na casa como refém. O garoto e um dos fugitivos, Butch (Kevin Costner), criam certo vínculo e eles percorrem todo o estado fugindo da polícia em direção ao Alaska. A perseguição é liderada pelo chefe "Red" (Eastwood) e pela criminologista Sally (Laura Dern).

Mistura de road movie com gênero policial e remetendo a western, A perfect world é um filme sobre a criação de laços e sobre paternidade (ou, de certo ângulo, uma desconstrução da paternidade). O que move o filme é uma empatia que o público sente pelo protagonista e criminoso Butch. Ele é um assassino, um fugitivo, mas cativa ao tratar tão bem Philip, seu refém. Essa relação de amizade (ou de pai-filho) que se desenvolve entre eles é fruto, principalmente, de uma semelhança entre os dois: ambos cresceram sem o pai. O garoto ainda é criado numa família de Testemunhas de Jeová e por isso sofre algumas privações tolas como não poder andar de montanha-russa ou brincar no Halloween, o que faz dele triste e demasiado inocente. Num geral Eastwood comanda essa criação de laços de forma bastante natural e convincente, mas é inegável que em certos momentos pontuais a coisa pende para a pieguice ou fica no mínimo pouco crível. Isso, no entanto, não chega a desgastar muito a obra. Também há de se dizer que alguma eventual pretensão de comédia ou ação na maioria das vezes também não agrada.


Enquanto o garoto e os criminosos avançam o estado, atrás deles vai um núcleo policial a persegui-los. Nele um xerife durão, convencido pela "criminologista" e psicóloga Sally, tenta se colocar no lugar do criminoso para não só entender a motivação de seus crimes como também prever seus passos. Ao fazer esse exercício de empatia (e se lembrar do passado em que teve um breve contato com a vida de Butch) ele vai entender que o mundo não é maniqueista, todas as pessoas são ambíguas e ambivalentes, e, claro, o mundo não é perfeito. O que Eastwood tenta mostrar de maneira discreta é que o bem e o mal são conceitos que diferem de pessoa para pessoa e disso podem surgir injustiças.

A fotografia em tom um tanto frio, comum na filmografia do cineasta, está lá em meio a planos e movimentos de câmera discretos. A trilha sonora também é discreta e não chega a forçar sentimentos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário