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domingo, 7 de junho de 2015

Lola (idem) - 2009; velhice e miséria

Lola (Lola), lançado em 2009.
Um filme de Brillante Mendoza.
O mais badalado diretor filipino contemporâneo, Brillante Mendoza tem marcado presença e deixado seu legado nos principais festivais europeus, devido a seus filmes realistas que abordam temas universais, ao mesmo tempo que exploram e mostram ao mundo a Indonésia moderna. Lola (avó na língua tagalo) é cru e intenso.

Duas idosas, ambas avós, dos subúrbios pobres de Manila têm suas vidas interligadas quando o neto de uma é assassinado e o principal suspeito é o neto da outra. Enquanto uma luta para conseguir dinheiro para pagar as despesas funerárias, a outra tenta levantar recursos para pagar a fiança.


O que se vê aqui são duas mulheres debilitadas pelo tempo, pela pobreza e por outros problemas a percorrerem as ruas sujas e alagadas da capital filipina. Já no fim da vida fazem um último esforço para manter bem a família, seja enterrando com um mínimo de dignidade um neto morto ou dando uma segunda chance para um neto que cometeu erros. Para isso precisam do combustível do mundo, sem o qual não se pode sequer morrer ou rezar: dinheiro. E aí começa uma peregrinação de ambos os lados que envolvem meios legais e ilegais, da penhora e mendicância à pequenos furtos cometidos na hora de dar o troco a um cliente. Tudo no meio da pobreza, não se estranhe que a ajuda venha por meio de uns ovos de pata que serão vendidos quase à força.


Além da questão da pobreza, da problemática do hiper-capitalismo e da velhice, ainda surge espaço para se questionar a justiça. Tanto o aparato legal, a ineficiência e alto custo do judiciário, quanto adentrar à parte filosófica da palavra, que é a justiça e qual seu papel num mundo de injustiças e privações.


Tudo isso é realizado no já conhecido estilo estético do diretor, que tem ares de documentário e flerta com o neo-realismo; visual meio inacabado e underground, com cores frias, iluminação natural (ainda que ineficiente), enquadramentos incomuns e muitas vezes incômodos, câmera na mão, poucos diálogos, pouca música e muito som ambiente. Boa parte do elenco também são de pessoas comuns que vivem na área em que o filme é ambientado, não são atores reais. Não é o caso das protagonistas, porém, nomes conhecidos e respeitados das artes dramáticas filipinas.


Lola é quase um Chop Shop em estilo, ambiente e temática. Porém em um temos dois indivíduos no início da vida lutando por dias melhores, com uma chama de esperança que arde mesmo em meio a tanta desgraça; no outro duas mulheres à porta da morte resignadas com a vida difícil mas também com um fio de esperança de que a continuação de suas vidas, filhos e netos, possam ter dias melhores.

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