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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Boogie Nights - Prazer sem limites (Boogie Nights) - 1997; excitante metalinguagem

Boogie Nights - Prazer sem limites (Boogie Nights), lançado em 1997.
Um filme de Paul Thomas Anderson.
Filmes pornográficos (diferentes de filmes "eróticos", que supostamente são mais artísticos, ou ao menos exploram a sexualidade de outra forma) são criados com o objetivo de excitar/estimular seu público. Boogie Nights não é pornográfico, mas fala sobre pornografia. E é excitante. A cena de abertura já é uma preliminar do que Paul Thomas Anderson nos entregará ao longo de duas horas e meia. São três minutos de traveling sem nenhum corte explorando diversos personagens numa casa noturna que é para deixar qualquer um ofegando.

Estamos nos anos 70 e acompanhamos a vida de uma equipe de atores e técnicos de filmes pornográficos, sobretudo a de Eddie Adams (Mark Wahlberg) que sob o nome artístico de Dirk Diggler se torna o maior astro do mundo pornô da década, e sua eventual queda. Nos bastidores desse mundo de sexo, drogas e festa vamos conhecendo os dramas dessa gente.

É impossível não comparar Boogie Nights com o Magnólia que Thomas Anderson lançou dois anos depois, seu próximo filme. Além do elenco das duas obras serem bem parecidos (Julianne Moore, William H. Macy, John C. Reilly, Philip Seymour Hoffman, Alfred Molina, Philip Baker Hall e Luis Guzmán são alguns dos nomes - todos bem reconhecidos, inclusive - que aparecem nos dois filmes), Boogie Nights é, de certa forma, uma preparação para Magnólia. Aqui ele, que também assina o roteiro, já explora várias tramas. Em Magnolia tudo é velado e a principio não é tão fácil inter-relacionar as tramas umas com as outras, até que o filme explicite isso. Em Boogie Nights isso não ocorre, o tempo todo os vários personagens estão diretamente ligados, mas isso não impede que o diretor se dedique um pouco de cada vez a estudar a humanidade de seus personagens, seus segredos, seus dilemas. Magnólia é de uma tristeza fúnebre, embora tenha suas pontas de humor negro. Boogie Nights é bem mais leve e engraçado - e também não falta o sarcasmo e o humor negro - mas também sobre ele parece haver uma névoa de tristeza pairando sobre essas pessoas em festas e felicidades falsas. É o prenúncio de o ciclo de prosperidade eventualmente acaba.

Muito além das qualidades do enredo e do elenco (que está tinindo, sobretudo Wahlberg, Moore, Reilly e Hoffman) o filme mostra o talento técnico de Thomas Anderson. A cena de abertura é só uma amostra do que este homem é capaz. Não faltam giros (é impressionante o poder de explorar os cenários), travelings, closes (até mesmo no caminhar), plongées e contra-plongées o filme todo. Tudo com muito bom gosto e sem excessos. A parte da montagem também é excelente. Quase tão excitante quanto a abertura são os cortes e movimentos de câmera frenéticos que durante quinze minutos ilustram a ascensão meteórica de Dirk Diggler. Não se pode deixar de enumerar também o grau de sensualidade que o cineasta consegue em muitas cenas, sem torná-las vulgar como a maioria das cenas de filmes pornográficos. Nada comparado a Almodóvar, mas ainda assim cenas quentes e belas.

Boogie Nights não é pornográfico, mas estimulará bastante sua audição e visão. É um divertido retrato de um período, dos badalados anos 70 e 80.

#ficaadica

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