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sábado, 5 de julho de 2014

Biutiful (idem) - 2010; juntando os cacos

Biutiful (Biutiful), lançado em 2010.
Um filme de Alejandro González Iñárritu.
É difícil descrever o poder emotivo de Biutiful, do cineasta mexicano Iñarritu (Babel Amores Brutos). Carregado do mais amargo e denso drama, trás Javier Bardem como um homem que, à beira da morte, precisa resolver seus assuntos pendentes. Pelo memorável desempenho, o ator foi premiado em Cannes e em outros festivais e premiações.

Uxbal (Bardem) vive de conversar com os mortos, subornar policiais e agenciar imigrantes ilegais para encontrarem empregos informais. Além disso faz o que pode para criar e educar os dois filhos. A mãe das crianças, ex-esposa de Uxbal, tem problemas de bipolaridade que a atrapalha no relacionamento com a família. Quando é diagnosticado com câncer terminal, ele precisa cumprir suas pendências e se redimir com a vida.

Biutiful é deprimente e pesado. Bardem, que dois anos antes trabalhara com Woody Allen na colorida e linda Barcelona de Vicky Cristina Barcelona, agora aparece nos subúrbios pobres da mesma cidade a explorar um punhado de miseráveis para também sobreviver na pobreza.
Iñarritu parece ter uma visão bem pessimista do mundo. Em seus três filmes anteriores ele explorou um roteiro de tramas paralelas interligadas, mostrando como toda ação tem uma reação e que existe mesmo um efeito dominó dentro da vida humana. Uma ação ruim desencadeia uma série de desgraças que se alastram. Em Biutiful a trama se torna uma só. A sociedade continua doente, seja com sua xenofobia seja com sua indiferença para com o sofrimento alheio. Quase toda a desgraça vai para cima de um único homem. Ao ficar entre a vida e a morte, Uxbal precisa refletir sobre sua existência e talvez expiar seus pecados, remendar o que resta de sua vida. Tudo isso pode parece melodrama ou existencialismo barato, mas não é.

Nesse sentido a premissa só desliza um pouco ao parecer estar julgando seus personagens. Todos com seus erros e mentiras, todos parecem estar sendo punidos por eles. Esse moralismo fica mais evidente com o desnecessário fato de Uxbal ser um médium. Seria um modo de o diretor pregar que alguma força metafísica, ou deus, nos pune? Espero que não. Mas acho que sim.

O interessante título é a grafia propositalmente errada de "beautiful", belo em inglês. A beleza porém aparece pouco aqui, e está sempre na poesia e no realismo dos cenários feios e sujos e dos personagens tristes e acabados. Nisso se destaca Bardem. O ator já provou ser de tudo um pouco, fazendo os mais diversos e versáteis papéis. Aqui ele é o mais banal dos homens, estando apenas a tentar sobreviver. A argentina Maricel Álvarez, na pele da bipolar e explosiva Marambra, também emociona.

O estilo de Iñarritu fotografar continua quase inalterado. A câmera de mão continua exploradora, impessoal e agoniante. A trilha de Santaolalla, felizmente pouco usada, é que não é das melhores.

#ficaadica

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