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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Antes do anoitecer (Before Night Falls) - 2000; a perda da liberdade de expressão

Antes do Anoitecer (Before Night Falls), lançado em 2000.
Um filme de Julian Schnabel.
Embora Cuba, segundo informações oficiais do governo, tenha um desenvolvimento humano elevado, ainda hoje o país é alvo de denúncias internacionais que acusam o governo de violação dos direitos humanos e censura, cometidas pela ditadura que controla o país desde o golpe em 1959, quando o país tornou-se socialista. Este filme do pintor norte-americano Julian Schanabel, que possui alguns de seus trabalhos expostos em vários museus do mundo, é a cinebiografia do escritor cubano Reinado Arenas, perseguido no seu país já nos primeiros anos do governo de Fidel Castro.

Nascido em 1943 numa Cuba desolada pela pobreza, Reinaldo Arenas cresceu num ambiente pobre e desde pequeno mostrava traços de homossexualidade. Ainda jovem apoiou a Revolução Cubana, mais atraído pela paralela revolução socio-cultural e sexual que acontecia do que por senso político. Mas logo que foi implantado, o governo de Castro começou a perseguir opositores e intelectuais e passou a perseguir minorias como os homossexuais. Arenas então vive anos de chumbo antes de conseguir se exilar nos EUA, onde morre de AIDS logo após terminar o romance Antes que Anochezca, onde narra sua vida e denuncia os abusos das autoridades de seu país.

É difícil aceitar que Russell Crowe, por Gladiador, tenha tirado o Oscar das mãos de Javier Bardem, num dos melhores trabalhos de sua carreira. Bardem, escolha sábia por ser latino (espanhol), encarna o papel com uma energia que parece transbordar de seus poros, e parece bem a vontade para interpretar um homossexual, sem jamais tentar usar estereótipos, e sem jamais demonstrar pudor em tentar seduzir outros homens. Nas cenas mais amargas ele consegue nos passar bem o medo e o desespero. Bardem é um pilar do filme, o diretor Schanabel é o outro. 
Parte da arte do pintor se reflete no filme fragmentado mas elegante, que exibe uma fotografia linda. Em cortes rápidos ele nos coloca no contexto da trama, para depois se acalmar e deixar seu elenco a vontade para nos agradar. E durante o agrado Bardem recita, em espanhol, poemas de Arenas enquanto podemos voltar um pouco à infância do escritor, tema presente em sua obra. Embora longo, dificilmente você achará o filme cansativo.
Só merece ser citado que, como era de se esperar, o filme é um pouco pretensioso, uma (outra) propaganda anti-comunista do cinema; isso fica claro em algumas falas do narrador, que numa só construção aproveita para promover os EUA, que também não são flor para se cheirar com muita gana.
#ficaadica

P.S.: Jonny Deep faz uma pontinha no filme e mostra mais uma vez ser um ator bem versátil...

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