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sábado, 20 de julho de 2013

Elefante Branco (Elefante Blanco) - 2012; cru e verdadeiro

Elefante Branco (Elefante Blanco), lançado em 2012.
Um filme de Pablo Trapero.
Os maiores representantes do cinema latino americano são Brasil, México e Argentina; e este último é talvez o que mais vezes costuma surpreender, tanto que é detentor de dois Oscar, mesmo tendo menos vezes sido indicada ao prêmio que o México, que assim como o Brasil, não possui uma única estatueta.
Em Elefante Branco o diretor argentino Pablo Trapero se une a Ricardo Darín (pela segunda vez) e ao belga Jérémie Renier para nos mostrar, com uma elegante temperança, uma face do país desconhecida fora da argentina mas presente em absolutamente toda a América Latina, inclusive o Brasil: o ambiente das favelas.

Depois de se traumatizar com um episódio sangrento envolvendo as FARCs na Amazônia Peruana, onde fazia um trabalho social e religioso, o padre belga Nicolás (Renier) vai para uma "villa miseria" de Buenos Aires onde o padre Julián (Darín) e a assistente social Luciana (Martina Gusman) tentam levar um pouco de humanidade, num ambiente violento e marcado pelo narcotráfico.

O título do filme se refere à obra de um hospital (cujo projeto da década de 20 previa ser o maior da América Latina) abandonada pelo governo e onde formou-se um assentamento. Desde o início nós presenciamos um ambiente de guerra, que mesmo com a mudança de cenário vai continuar. Na comunidade uma luta entre dois chefes do tráfico alicia crianças, que desde cedo se drogam e se alcoolizam, e promove um verdadeiro caos entre a lama e o lixo. O trio tenta salvá-las e também a todo o resto da vila. Além dos criminosos o outro grande mal é o esquecimento da vila pelo poder público, que quando age é com violência policial. 

Como não poderia deixar de ser, o maior êxito do filme é a sua sinceridade, que não tenta vangloriar seus protagonistas, aqui muito humanos, envolvidos também em seus dilemas éticos e fraquezas interiores; como medo e descrença. Uma cena notável é a sequência contínua na qual Renier percorre os becos, nas mãos de homens violentos, à procura de Mario. De tirar o fôlego com sua tensão, onde quase se ouve o coração do personagem. Aliás o elenco todo é muito competente, inclusive o protagonista do também argentino e brilhante O segredo dos seus olhos surpreendeu-me novamente.

A fotografia é distante, indiferente, obscura na noite e cinzenta durante o dia. É cinema visceral, amargo, humano. Uma crítica ao descaso governamental, ao crime, à brutalidade militar, à indiferença das altas cúpulas da Igreja e às inúteis ideias utópicas.

#ficaadica

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