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terça-feira, 5 de março de 2013

Não me abandone jamais (Never Let Me Go) - 2010; a ética da ciência médica e a identidade pessoal

Não me abandone jamais (Never Let Me Go), lançado em 2010.
Um filme de Mark Romanek.
Foi a primeira vez que realmente acreditei num personagem de Andrew Garfield. A cara de bobo dele combinou perfeitamente com o personagem ingênuo e calado. Ele sempre me pareceu gente como o jogador Neymar e o cantor Justin Bieber: faz sucesso entre adolescentes, apenas, e mais pelo corte de cabelo que pelo talento. Em A rede social ele estava decente, mas nada que merecesse algum prêmio ou mesmo as indicações que recebeu, e juro que não entendo como colocam-no como Homem Aranha, que cara de homem é nenhuma, é de menino mesmo. Não estou dizendo que foi engano meu, ainda tenho uma antipatia por ele, e acho que dessa vez funcionou porque ele tinha exatamente o perfil da personagem. Só o passar dos anos e novos trabalhos vão mostrar se é um rostinho bonito ou talentoso ator.
Completando nossa análise inicial (e superficial) do elenco, não há nada mais a dizer que os outros dois protagonistas são trabalhos de Carey Mulligan e Keira Knightley, ambas com indicações ao Oscar no currículo e ambas fazendo por merecer, embora nenhuma esteja em seu melhor trabalho da carreira. 

Baseado na obra homônima do japonês Kazuo Ishiguro, Never Let Me Go acompanha a vida de três jovens (e o eventual triâgulo amoroso deles) criados numa escola incomum, cujo objetivo não é preparar as crianças para a universidade, mas sim para serem doadores de órgãos. É final da década de 70 e no internato Hailsham é que crescem Ruth (Knightley), Kathy (Muligan), Tommy (Garfield), e outras crianças, desenvolvendo uma vida saudável para poderem doar órgãos saudáveis quando adultos. Kathy ama Tommy, mas desde a infância ele namora é com Ruth. Os três são amigos inseparáveis.
O filme salta no tempo e os três jovens saem de Hailsham para uma espécie da acampamento. Agora eles podem andar livres, mas o destino é morrerem sem órgãos. Nessa parte do filme é que os conflitos pessoais e inter pessoais se iniciam, vale a pena ver o filme e conferir. Mas adiantando um pouco, os jovens sonham em descobrir quem são seus "originais" e a partir de boatos sobre um meio de adiarem as doações moldam ações ao longo de décadas.

Não me abandone jamais é um filme deprimente. Os seus ensinamentos são deprimentes. Não é nenhum melodrama, mas vai te deixar melancólico. Ele fala sobre morte, como tudo termina em morte, e como a vida deve ser vivida ao máximo, e o papel de outras pessoas (amigos, família, parceiros amorosos) na construção de uma vida feliz.
Chega logo o momento no filme em que toda a gente se pergunta: por que esses idiotas simplesmente não fogem e vão viver suas vidas? Mas a resposta também não tarda a aparecer, e ela remete à nossa sociedade. Desde crianças eles são ensinados que o certo, que o objetivo de suas vidas, é doarem seus órgãos vitais. É como sua família te ensinou a acreditar em Deus. Simplesmente aceitam. A ética médica ainda pode ser considerada: será mesmo que os clones não são humanos? A sociedade não se importa de matá-los a troco de viverem um pouco mais? É mesmo preciso investigar se eles tem alma mesmo quando vemos suas frustrações e sentimentos?
Mas o filme é frio e sem esperança, não há sentimentalismo nem romantismo (justo o que o torna tão interessante).

#ficaadica

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