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segunda-feira, 23 de março de 2015

Este filme ainda não foi classificado (This Film Is Not Yet Rated) - 2006; a falta de escrúpulos da MPAA

Este filme ainda não foi classificado (This Film Is Not Yet Rated), lançado em 2006.
Um documentário de Kirby Dick.
"Não queremos limitar o artista de cinema.Queremos dar ao artista a liberdade para fazer os filmes que querem fazer. Mas não queremos que seja totalmente livre".

Esta frase saiu da boca de um clérigo membro da comissão de recursos da MPAA, enquanto entrevistado nesse documentário de Kirby Dick.

This Film Is Not Yet Rated investiga o sistema de classificação indicativa de filmes, realizado pela Motion Picture Association of America - organização supostamente sem fins lucrativos controlada pelas grandes produtoras - desde 1968.  Um filme classificado com NC-17, a mais alta, mais censora, sofre graves problemas de distribuição. Cinemas se recusam a assisti-los e certas lojas se recusam a vender as mídias. Kirby Dick resolveu investigar por quem e como essas classificações são realizadas. E descobriu muita falta de ética e de transparência.

A produção do filme contrata uma agência de detetives para investigar quem são as pessoas por trás da classificação - o nome desses avaliadores são mantidos em segredo, assim cineastas têm suas obras avaliadas por pessoas que nem sabem quem são. O idealizador e presidente da MPAA, Jack Valenti, dizia que os nomes eram segredo para evitar pressões e lobby, e que os avaliadores eram todos "cidadãos comuns" dos Estados Unidos com filhos entre 5 e 17 anos e que ficavam no cargo por no máximo cinco anos. Não demora muito para que as detetives descubram quem são essas pessoas. A maioria tem filhos com mais de 20 anos, alguns nem filhos têm, boa parte está a mais de cinco anos no cargo e estas pessoas que não deviam se conhecer são até mesmo vizinhos ou saem para comer juntos. A comissão de recursos - um cineasta pode recorrer da primeira classificação que seu filme recebeu - por outro lado é composta de clérigos, executivos das grandes produtoras ou distribuidoras e até donos de redes de cinemas. Tudo bem diferente das descrições de Valenti.

Quem sai prejudicado nessa maracutaia toda acaba sendo o cinema independente, que é alheio às grandes corporações midiáticas. E que sempre se reinventa e aborda temas polêmicos ou controversos que o cinema comercial não explora, que inclui violência e sexualidade. Logo se percebe que o cinema independente é mais vetado.


Dick entrevista cineastas independentes, que já tiveram problemas ao receberem NC-17 em suas obras. Faz comparativos de filmes classificados com NC-17 e outros com outras classificações. Entrevista ex-avaliadores, jornalistas e críticos de cinema. Claramente se percebe que a MPAA veta mais conteúdo sexual do que violência explícita (uma das entrevistadas até comenta que é o contrário do que ocorre na Europa, onde as organizações ou governos vetam violência e são mais permissivos em relação ao sexo), veta mais o conteúdo sexual gay do que o hétero, veta mais o prazer ou orgasmo sexual feminino que o masculino, entre outros tipos de censura que mais têm de conservadoras e preconceituosas do que de preocupadas com o público e lógicas. Sem falar que há uma pressão por parte dos militares para que sejam censurados filmes onde eles são "desmoralizados" (filmes de guerra onde não são mostrados como heróis)

Com bom humor, mas sem medo, este documentário mostra porque não se deve dar muito crédito ao trabalho do sistema de classificação da MPAA. Obviamente o documentário recebeu uma NC-17 da organização que critica, mas optou-se pelo selo unrated (sem classificação indicativa). Isso não impediu a ovação em Sundance.

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