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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

A Partida (Okuribito) - 2008; um olhar sobre a morte

A Partida (Okuribito), lançado em 2008.
Um filme de Yojiro Takita.

A Partida é um filme de erros e acertos.
De um lado uma história belíssima sobre o que há de mais natural e triste, a morte, de outro um diretor sensível mas que cometeu a tolice de inserir humor na trama para dar leveza ao tema.

Daiko é violoncelista numa orquestra em Tóquio. Toca desde pequeno. Mas tão logo conseguiu o sonho de entrar nela, a orquestra se desfez e ele volta para o interior do país, onde nasceu, levando consigo a esposa. Chegando lá ele começa a trabalhar como um nokanshi, um profissional que prepara e maquia cadáveres para os rituais fúnebres. Nesse emprego incomum, que ele esconde de todos, ele vai encontrar a si mesmo.

É um filme bonito. Desde sua trilha sonora bela e bem utilizada, sem exageros - passando por uma fotografia cálida e viva, com uma iluminação suave e natural - até a sua premissa; é uma obra que agrada aos olhos, aos ouvidos e ao coração.
Perdido em relação aos rumos de sua vida e magoado desde criança com o abandono do pai, Daiko é um jovem homem que por uma ironia do destino vai trabalhar diretamente com a morte. Tendo detestado o emprego no início, aos poucos vai tomando respeito pela profissão e nutrindo grande admiração pelo patrão, um senhor sereno e sábio.
Seu trabalho é para pessoas pacientes e atenciosas. O processo de preparação dos corpos é de uma beleza enorme, uma tradição que anda sendo quebrada no Japão contemporâneo, onde se revela todo o respeito, carinho e consideração para com quem partiu. Aliás, várias coisas no filme tem a função de simbolizar a ocidentalização do Japão e a perda de sua cultura milenar, como o declínio das casas de banho, o fechamento da orquestra, a "terceirização" do "condicionamento" que antes era dever da família, o desuso dos trajes típicos etc.

Há belos momentos de drama maduro, que em essência trata dos vivos que ficam, e não do que acontece com os mortos depois que morreram. Isso feito com memoráveis qualidades estéticas, filmado com um olhar atento e sensível do diretor que dá atenção até aos pequenos detalhes. Mas o roteiro está repleto de passagens e falas carregadas de humor, que tiram um pouco da consistência da obra e arruína cenas que poderiam ser brilhantes. O próprio Daiko e seu patrão são personagens caricatos à vezes, principalmente o primeiro. A esposa de Daiko então... tão sorridente e compreensiva que irrita, que soa falso.

É um filme que conquista pela sua simplicidade e pelo tema universal. Tanto que levou o Oscar de melhor fime em língua estrangeira.

#ficaadica

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