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segunda-feira, 24 de junho de 2013

Elefante (Elephant) - 2003; uma visão documental e indiferente sobre uma tragédia

Elefante (Elephant), lançado em 2003.
Um filme de Gus Van Sant.
Este vencedor de uma Palma de Ouro é o tipo de filme que divide o público. Eu próprio não tenho certeza se gostei ou não. Nele temos o diretor de Milk: A voz da igualdade passivo e indiferente à trama. Isso tanto pode despertar a curiosidade do público quanto entediá-lo. Cheguei a comentar com um amigo meu que este filme me pareceu tentar criar uma vanguarda de mal gosto no cinema, mas há algo de muito bom aqui. A verdade é que me entediei com os dois primeiros terços do filme, mas adorei o último ato. Elefante é baseado numa tragédia real.

Numa conceituada escola de ensino médio dos Estados Unidos os alunos vivem sua rotina de modo comum, uns sofrem bullying, outros o praticam, uns têm problemas com a família, outros são tímidos, uns vomitam o que comeram para não engordarem, outros fotografam, alguns namoram etc. E dois deles compram armas pela internet, com o objetivo de matar alguns colegas e professores.

Elefante nos convida à uma reflexão. Apenas inspirado na tragédia de Columbine, sem procurar retratá-la, Van Sant procura criar o ambiente de uma escola de ensino médio, com toda sua dinâmica, num dia aparentemente normal, onde cada um segue sua rotina sem imaginar no que está prestes a acontecer. A narrativa é toda fragmentada, e alguns acontecimentos são retratados mais de uma vez, de ângulos diferentes, de pontos de vista diferentes. Tudo na maior normalidade, o que desperta a atenção de uns, cansa outros.

A juventude é uma fase linda da vida, mas para alguns é um verdadeiro conto de horror, principalmente na escola, onde ficam a mercê de julgamentos e da violência de alguns colegas incapazes de compreender as diferenças. Os personagens percorrem os corredores com suas angústias, seus sonhos, suas frustrações. Estão num momento de amadurecimento, na descoberta de seu próprio eu. Mas suas histórias não são aprofundadas, vemo-os de relance, como intrusos nesse momento. Somos impelidos a criarmos estereótipos, o grupo das patricinhas, o dos nerds, dos gays, dos esportistas arrogantes. Mas no final um soco no estômago faz-nos repensar, mais uma vez, que todos somos iguais, com defeitos e qualidades, alegrias e problemas. Durante sua duração o final vai se tornando previsível, mas não deixa de ser doloroso, de abalar.

O filme como um todo é neutro, não julga ou moraliza, apenas apresenta os fatos, daí a forte semelhança com um documentário. Mas mesmo assim nos faz pensar sobre grandes problemas da sociedade, sobretudo a indiferença para com os jovens, que não costumam serem ouvidos quando estão se sufocando. Há de se notar que a juventude anda vazia, banal, pessimista. Isso inclusive reflete na fotografia, estática, observadora, indiferente (reparem que nos corredores a iluminação se modifica várias vezes, e o ajuste da câmera não procura acompanhar muito essas mudanças).

Vale a pena assistir Elefante, é um filme diferente. Há a chance de amá-lo e a chance de odiá-lo.

#ficaadica

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