Peço que quem curte minha escrita aqui apoie a publicação de meu primeiro livro curtindo a página do projeto no Facebook:
O livro se chamará Gente Casta.
Eis um trechinho:
"Nenhum outro sentido é tão preguiçoso quanto o olfato. Assim que
acordamos, abrimos os olhos e percebemos a luz entrar pela janela,
vemos o parceiro a nosso lado, vemos o teto, as paredes e o armário,
se os há. Também assim que recuperamos a consciência passamos a
perceber os sons, o parceiro que suspira, o galo que canta, as folhas
que se chocam, os cavalos que trafegam. Mal estamos acordados já a
pele começa sua jornada de sentidos, é o lençol que acaricia a
pele, a mão que esfrega os olhos, a perna da outra pessoa que roça
a nossa, o beijo que, às vezes,
nos desperta. Também o paladar dá notícia, é a boca que amarga,
depois de uma noite toda com bactérias a reproduzirem-se entre os
dentes, é o amargo da outra boca, aquela que nos despertou. Já o
olfato continua a dormir, não percebe o cheiro que exala do corpo ao
lado, não percebe o cheiro que o corpo a qual pertence emana, se
recusa a dar pelo odor de sabão do lençol que nos acaricia a pele.
Só quando saímos do quarto, e os vapores de urina e fezes da
privada chegam nele, é que se põe a trabalhar."
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