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quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

A memória que me contam -2013; efeitos da ditadura

A memória que me contam (A memória que me contam), lançado em 2013.
Um filme de Lúcia Murat.
Altamente autobiográfico, A memória que me contam, da brasileira Lúcia Murat, estuda o modo que as últimas gerações, nascidas e criadas na Nova República, veem a ditadura militar e os envolvidos nos conflitos; como também o que sente a geração que viveu o período.

Irene é uma cineasta, que durante os anos de chumbo fazia parte da resistência e chegou a ser presa e torturada. Situação parecida com a vivida por Ana, mulher super admirada pelos seus feitos durante a ditadura e que agora definha numa cama de hospital, quase morta. No hospital Irene e um grupo de amigos (todos com uma idade próxima de 60-70 anos), também ex-ativistas, se reúne na sala de espera ansiosos por boas notícias dos médicos. Nos dias que dura o sofrimento, essas pessoas lembram do passado de Ana, e sofrem com dúvidas, questionamentos e conflitos com seus filhos e sobrinhos.


Irene é um alter ego de Murat e o filme nada mais é que a história de Vera Silva Magalhães (aqui chamada de Ana), mulher famosa pela coragem e ousadia enquanto resistência à ditadura e que viveu e morreu perturbada psicologicamente por causa da tortura que viveu e que foi amiga de Murat. A trama do filme é o drama vivido pela cineasta na vida real.


O flme não é sobre a ditadura, mas sobre o que ela representou e interferiu na vida dos personagens. Assim um punhado de velhos amigos que fizeram parte da resistência visitam o passado, refletem para onde a vida os levou, se valeu ou não a pena lutar, o que Ana significa para eles. E todas as contradições que isto implica. Afinal a turma liberal e ideológica dos anos 70 agora é quem não aceita muito bem a nova juventude, como podemos ver o conflito, ainda que velado, entre os pais e os seus filhos homossexuais. Os filhos, por outro lado, não veem grande coisa na luta que seus pais empreenderam quando jovens.
O título remete a como tudo que a nova geração sabe sobre a ditadura são as memórias que ouviram de seus pais e dos amigos de seus pais.


Ao mesmo tempo que isso é mostrado com lirismo, com poesia, o filme, por vezes, adquire um tom didático chato, que aliado aos personagens pouco desenvolvidos pelo roteiro (não pelo elenco - aliás, Spoladore ficou ótima como Ana) faz com que o filme e seus personagens não nos cative muito. Há os acertos, como a decisão em jamais mostrar Ana na verdade como é nem como estava enquanto internada, mas sim nos apresentar Ana como seus amigos se lembram dela, e sempre jovem.

A memória que me contam é bem melhor que muitos dos filmes que se produz no país, mas não é lá grande coisa nem merece uma recomendação.

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