Um filme de Lúcia Murat.



Irene é um alter ego de Murat e o filme nada mais é que a história de Vera Silva Magalhães (aqui chamada de Ana), mulher famosa pela coragem e ousadia enquanto resistência à ditadura e que viveu e morreu perturbada psicologicamente por causa da tortura que viveu e que foi amiga de Murat. A trama do filme é o drama vivido pela cineasta na vida real.


O flme não é sobre a ditadura, mas sobre o que ela representou e interferiu na vida dos personagens. Assim um punhado de velhos amigos que fizeram parte da resistência visitam o passado, refletem para onde a vida os levou, se valeu ou não a pena lutar, o que Ana significa para eles. E todas as contradições que isto implica. Afinal a turma liberal e ideológica dos anos 70 agora é quem não aceita muito bem a nova juventude, como podemos ver o conflito, ainda que velado, entre os pais e os seus filhos homossexuais. Os filhos, por outro lado, não veem grande coisa na luta que seus pais empreenderam quando jovens.
O título remete a como tudo que a nova geração sabe sobre a ditadura são as memórias que ouviram de seus pais e dos amigos de seus pais.

Ao mesmo tempo que isso é mostrado com lirismo, com poesia, o filme, por vezes, adquire um tom didático chato, que aliado aos personagens pouco desenvolvidos pelo roteiro (não pelo elenco - aliás, Spoladore ficou ótima como Ana) faz com que o filme e seus personagens não nos cative muito. Há os acertos, como a decisão em jamais mostrar Ana na verdade como é nem como estava enquanto internada, mas sim nos apresentar Ana como seus amigos se lembram dela, e sempre jovem.
A memória que me contam é bem melhor que muitos dos filmes que se produz no país, mas não é lá grande coisa nem merece uma recomendação.
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