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sexta-feira, 19 de junho de 2015

A Doce Vida (La Dolce Vita) - 1960; a Roma reconstruída

A Doce Vida (La Dolce Vita), lançado em 1960.
Um filme de Federico Fellini.
Dos mais conhecidos dos trabalhos de Fellini, A Doce Vida é um clássico italiano cultuado mundo afora por críticos, público e outros cineastas. Pelos olhos de um jornalista mulherengo, Marcello (personagem que é quase um Fellini - o filme é um tanto autobiográfico), o diretor mostra a Roma pós-guerra em transformação do final dos anos 50 e trata de assuntos existencialistas.
Na Itália de poucos anos depois da Guerra, já reerguida pelos financiamentos americanos, o jornalista de fofocas de celebridades Marcello (Marcello Mastroianni, pela primeira vez trabalhando com Fellini e que se tornaria seu ator favorito) transita à vontade entre os membros da alta sociedade, com seus ricaços entediados, intelectuais deprimidos e celebridades (e pseudo-celebridades). Bonito e charmoso, ele se relaciona com diversas mulheres, a socialite Maddalena (Anouk Aimée), a possessiva e decadente Emma (Yvonne Furneaux), a atriz Sylvia (Anita Ekberg, que aqui protagoniza a cena de sua carreira, banhando-se na fonte) entre outras. A seu lado trabalha o fotógrafo Paparazzo (é graças a esse personagem do filme existem os termo paparazzo e paparazzi), sempre sedento de furos.


Cheio de poesia e simbolismos, esse filme retrata o modo de vida vazio de seus personagens, incluindo o protagonista. Infeliz com o trabalho ele - e seus contemporâneos - procura um pouco de prazer no álcool, tabaco e sexo. Essa busca hedonista percorre todo o filme e já é previsível que essa doce vida há de amargar em algum momento. A Roma que Fellini filma aqui, está em todo seu explendor turístico: linda e cada vez mais visitada. A sociedade dela é que passa por mudanças de valores morais nem sempre desejáveis; cada vez mais fútil, mais entediada, mais carente.  E assim visitamos orgias, festas decadentes que mais têm de melancólicas que de divertidas, reuniões privadas de gente esnobe e um circo de desesperada fé em torno de duas crianças a mentirem ter visto a Virgem Maria (semelhanças com o mito de Fátima não deve ser coincidência). Sem mencionar hospitais, quartos de prostitutas pobres e cabarés. Como compôs Rita Lee, "Tá cada vez mais down a high society".
A Marcello falta o verdadeiro amor. Nem o pai, que era distante em sua infância, é amado; muito menos o são essas mulheres voláteis de sua vida. Falta também gostar de seu emprego. Falta se reencontrar, quiçá se amar. Será que ele encontrará um sentido para sua existência?
A belíssima fotografia monocromática acrescente charme à obra, sempre explorando a cidade, os ambientes internos, as expressões do elenco competente. Não é difícil compreender o encanto que esta obra causa há mais de cinquenta anos. Fellini para ver e rever.

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