Drama Comédia Animação Suspense Romance Curta-metragem Faroeste Fantasia Ação Aventura Musical Ficção Guerra Épico Crime Terror

quarta-feira, 4 de maio de 2016

A Era da Inocência (L'Âge des ténèbres) - 2007; encara tu a realidade

A Era da Inocência (L'Âge des ténèbres), lançado em 2007.
Um filme de Denys Arcand.

Mais um de Arcand, premiado cineasta canadense. Assim como outras obras suas, A era da inocência é uma comédia-dramática sobre as contradições da vida humana.

Jean-Marc, homem de meia idade, é infeliz no casamento, tem péssima relação com as filhas, uma mãe com Alzheimer, e um emprego burocrático de merda. Para fugir de si mesmo, vive a sonhar que é outras pessoas com outras vidas.

Numa conversa recente com um amigo psicólogo, ele me disse que a geração a que pertencemos foge de si mesma "drogando-se" com tecnologia, academia e aparências. Respondi que toda geração fugiu de si mesma com os instrumentos que tinham a disposição na época: cigarro, ópio, excesso de trabalho, execução em praça pública. Personagens de O declínio do império americano, outro famoso filme de Arcand, fugiam através de ideologias políticas e sexo. Jean-Marc foge com alucinações.

Atual, o filme aponta os males da nossa geração e uma visão do Canadá contemporâneo. Aquela que é uma das terras mais pacíficas e humanamente desenvolvidas do planeta é também uma terra onde imensos prédios governamentais estão cheios de funcionários atendem as pessoas com rapidez, mas que não resolvem seus problemas ou porque não querem ou porque não podem. Uma terra onde mesmo em lugares abertos, pode ser proibido fumar (gentinha quase tão falsa moralista quanto os insuperáveis estadunidenses). Uma terra com alta taxa de suicídios. Uma terra onde não se desgruda do telefone. Uma terra cheia de cosplays e outras pessoas que fogem da realidade em mundos imaginários.



Além desse ambiente, Jean-Marc tem a mãe que já está moribunda, filhas que não o consideram como pai e que não desgrudam um segundo dos tablets e smartphones, uma mulher muito mais bem sucedida que ele e que manda na casa. Ou seja, ele ainda sofre do orgulho de macho ferido, cuja masculinidade é afrontada pela esposa. Seu método de fuga poderia ser também o álcool ou uma rede social. Mas ele fantasia, sonha, masturba-se.

Este filme fecha a trilogia formada também por O declínio e "As invasões bárbaras". Mais obscuro e menos engraçado que os outros dois, é também o mais sarcástico. Mas dos três é o que menos gostei.