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sábado, 10 de setembro de 2016

Livro - Gente Casta

Peço que quem curte minha escrita aqui apoie a publicação de meu primeiro livro curtindo a página do projeto no Facebook:


O livro se chamará Gente Casta.



Eis um trechinho:

"Nenhum outro sentido é tão preguiçoso quanto o olfato. Assim que acordamos, abrimos os olhos e percebemos a luz entrar pela janela, vemos o parceiro a nosso lado, vemos o teto, as paredes e o armário, se os há. Também assim que recuperamos a consciência passamos a perceber os sons, o parceiro que suspira, o galo que canta, as folhas que se chocam, os cavalos que trafegam. Mal estamos acordados já a pele começa sua jornada de sentidos, é o lençol que acaricia a pele, a mão que esfrega os olhos, a perna da outra pessoa que roça a nossa, o beijo que, às vezes, nos desperta. Também o paladar dá notícia, é a boca que amarga, depois de uma noite toda com bactérias a reproduzirem-se entre os dentes, é o amargo da outra boca, aquela que nos despertou. Já o olfato continua a dormir, não percebe o cheiro que exala do corpo ao lado, não percebe o cheiro que o corpo a qual pertence emana, se recusa a dar pelo odor de sabão do lençol que nos acaricia a pele. Só quando saímos do quarto, e os vapores de urina e fezes da privada chegam nele, é que se põe a trabalhar."

domingo, 21 de agosto de 2016

A atriz do milênio (Sennen joyû) - 2001; revivendo o passado

A atriz do milênio (Sennen joyû), lançado 2001.
Um filme de Satoshi Kon.
Este belíssimo anime teve pouca visibilidade no ocidente (sejamos sinceros, como a maioria dos animes), ainda mais que foi ofuscado pelo excelente A viagem de Chihiro. No entanto é um filme que merece uma visita. Que ainda por cima é metalinguístico.

Um repórter resolve fazer uma entrevista a uma grande atriz, aposentada há trinta anos, de quem é muito fã. De frente para a câmera a anciã decide contar a real história por trás de sua carreira, que muito mais que um amor pela arte, é uma busca por um grande amor. Mas se não bastasse ouvir a história, o repórter e seu câmera são transportados para dentro dela, onde servem de espectadores mas também, eventualmente, desempenham papel ativo.

O mais lindo desse filme é o modo como é narrado. Misturando realidade com ficção e enganos da memória (afinal a grande atriz velhinha conta sua história num estilo Rose Dawson de Titanic), toda a vida da atriz e também boa parte da história japonesa são contadas. As memórias dela nos levam a cenários de sua vida real, cenários de filmes, e os rostos se confundem em sua memória, e personagens da vida real acabam servindo de "modelo" para a (re)formação dessas memórias deturpadas pelo tempo. No entanto, embora possa parecer o contrário, isso é feito de um modo que não atrapalha o entendimento da trama nem a fluidez dela. Embora, por vezes, de fato - creio que de propósito - não se sabe o que é real e o que é devaneio.

Isto também acaba sendo uma homenagem ao cinema e esse seu poder de fazer reais os sonhos e dar vida à imaginação.

Também é essa presença do cinema que nos acaba revelando tanto da história japonesa. Embora parte do que "aprendemos" no filme se deve a eventos reais (reais na trama), como a infância da atriz no pré II Guerra e o evento-chave que fez que seguisse a carreira de atriz e depois uma visita à sua cidade no pós-guerra; outra boa parte nos é ensinada pelos filmes que existem dentro do filme (filmes de época; um que tem samurais, por exemplo).

E claro, tem a linda história de amor e perseverança do enredo. E os aspectos técnicos, como o traço lindo (gosto de filmes em animação tradicional).

Confiram!

sexta-feira, 22 de julho de 2016

4 anos do blog

Neste quarto aniversário do blog quero apenas pedir desculpas a vocês leitores pelo quase completo abandono do site.

A vida humana é mutável. Dessa forma, prioridades, gostos, prazeres e anseios também mudam com o tempo. E este que vos escreve é humano. E vivo, obviamente.

Comemoremos mesmo assim. Estou orgulhoso do que fiz até aqui.
Mas para o bem ou para o mal, continuarei postando resenhas de vez em quando.

Obrigado por cada instante gasto lendo meus escritos.

Att;
Flávio de Lima

sábado, 16 de julho de 2016

South Park: Maior, Melhor e Sem Cortes (South Park: Bigger, Longer & Uncut) - 1999; animação adulta

South Park: Maior, Melhor e Sem Cortes (South Park: Bigger, Longer & Uncut), lançado em 1999.
Um filme de Trey Parker.

De longe a animação adulta mainstream mais polêmica de todas, South Park conquistou rapidamente o público e o espaço na TV norte-americana e depois outros países. O sucesso imediato permitiu que um longa fosse lançado pouco tempo depois da estreia da série.



Depois de assistirem um filme canadense cheio de palavrões, os garotos Kyle, Stan, Kenny e Cartman começam a xingar descontroladamente, o que cria um levante público dos adultos (hipócritas) contra o Canadá. Enquanto isso, Kenny morre e descobre que Satã é namorado de Saddam Hussein no inferno, onde se prepara para uma invasão ao mundo dos vivos.



Sou fã da série, confesso. Mesmo assim tente levar estas poucas linhas a sério e não deixe de conhecer esta animação para adultos que divide opiniões. O traço simples, inspirado em montagem de recortes (isso fica mais evidente no personagem de Saddam - uma foto real do ditador é usada em cima de um corpo tosco e geométrico - e também nos canadenses, todos mais feios, toscos e mal produzidos que os personagens americanos) dá uma atmosfera um pouco trash que se une a piadas escatológicas e outros tipos de humor sujo. Mesmo com essas características pouco promissoras, o filme é otimo e inteligente. Sátiras e alfinetadas na sociedade jorram da tela.



A animação consegue ser entretenimento pipoca e ao mesmo tempo denunciar/escancarar toda a hipocrisia da sociedade estadunidense. Como já denunciado em diversos filmes, a exemplo do documentário Este filme ainda não foi classificado, muito se censura o sexo (especialmente se não heterossexual) e palavrões e pouco censurada é a violência. Alfineta também a belicosidade daquele país: no filme em vez de diálogo parte-se logo para uma guerra. Religião, racismo entre outros temas são discutidos (e principalmente satirizados) neste longa.

Super recomendo uma visita.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

A Era da Inocência (L'Âge des ténèbres) - 2007; encara tu a realidade

A Era da Inocência (L'Âge des ténèbres), lançado em 2007.
Um filme de Denys Arcand.

Mais um de Arcand, premiado cineasta canadense. Assim como outras obras suas, A era da inocência é uma comédia-dramática sobre as contradições da vida humana.

Jean-Marc, homem de meia idade, é infeliz no casamento, tem péssima relação com as filhas, uma mãe com Alzheimer, e um emprego burocrático de merda. Para fugir de si mesmo, vive a sonhar que é outras pessoas com outras vidas.

Numa conversa recente com um amigo psicólogo, ele me disse que a geração a que pertencemos foge de si mesma "drogando-se" com tecnologia, academia e aparências. Respondi que toda geração fugiu de si mesma com os instrumentos que tinham a disposição na época: cigarro, ópio, excesso de trabalho, execução em praça pública. Personagens de O declínio do império americano, outro famoso filme de Arcand, fugiam através de ideologias políticas e sexo. Jean-Marc foge com alucinações.

Atual, o filme aponta os males da nossa geração e uma visão do Canadá contemporâneo. Aquela que é uma das terras mais pacíficas e humanamente desenvolvidas do planeta é também uma terra onde imensos prédios governamentais estão cheios de funcionários atendem as pessoas com rapidez, mas que não resolvem seus problemas ou porque não querem ou porque não podem. Uma terra onde mesmo em lugares abertos, pode ser proibido fumar (gentinha quase tão falsa moralista quanto os insuperáveis estadunidenses). Uma terra com alta taxa de suicídios. Uma terra onde não se desgruda do telefone. Uma terra cheia de cosplays e outras pessoas que fogem da realidade em mundos imaginários.



Além desse ambiente, Jean-Marc tem a mãe que já está moribunda, filhas que não o consideram como pai e que não desgrudam um segundo dos tablets e smartphones, uma mulher muito mais bem sucedida que ele e que manda na casa. Ou seja, ele ainda sofre do orgulho de macho ferido, cuja masculinidade é afrontada pela esposa. Seu método de fuga poderia ser também o álcool ou uma rede social. Mas ele fantasia, sonha, masturba-se.

Este filme fecha a trilogia formada também por O declínio e "As invasões bárbaras". Mais obscuro e menos engraçado que os outros dois, é também o mais sarcástico. Mas dos três é o que menos gostei.

domingo, 3 de abril de 2016

Um Grande Garoto (About a Boy) - 2002; e o homem que com ele cresce

Um Grande Garoto (About a Boy), lançado em 2002.
Um filme de Chris Weitz e Paul Weitz.
Adequado à Sessão da Tarde (será que já foi exibido lá?), Um grande garoto é uma comédia de cotidianos. 

Will é um homem na casa dos trinta que, herdeiro de direitos autorais de uma música natalina, passa seus dias em ócio, compras e relacionamentos vazios. Não tem intenção de mudar seu jeito de ser, mas, claro, muda. E a mudança começa a partir do momento em que, depois de algumas trapalhadas e mentiras, acaba tendo o garoto Marcus (nerd órfão de pai e filho de uma mulher deprimida com tendência suicidas) presente em sua vida.

Apesar de recheado de clichês (criança a colocar adulto na linha, menino nerd que sofre bulling e muda de vida por causa de um amigo boa pinta, nerd que apaixona pela menina bonita e popular da escola, final felicíssimo que chega a ser cínico), este filme se mantém agradável. E olha que também aposta em improbabilidades que pode irritar os mais apegados à verossimilhança: é difícil imaginar alguém como Will na vida real. Gente parecida há, mas como ele duvido um pouco.
Quem sustenta a obra é Grant, que com sua cara de homem-moleque bonito e meio estúpido ficou perfeito para o papel. Não é lá exatamente grande ator nem é muito versátil, mas sabe ser engraçado e manter o público empático. Tanto que seu personagem nos acaba sendo menos desagradável do que se esperaria de uma versão masculina das peruas dos Jardins (São Paulo capital) e o tempo todo torce-se por seu bem.

Discordando do resto dos críticos, achei Nicholas Holt (esse que anda a marcar presença em blockbusters de ação) bem meia-boca em seu papel mirim. Eita moleque chato. Não sinto orgulho em dizer isso, mas até me dava prazer vê-lo sofrer na escola.
Os dois são a espinha dorsal do filme e tudo deriva deles. Um cresce com o outro, e no fim temos um Hugh Grant bem menos vazio e egocêntrico e um Nicholas um pouco menos bundão. Nada contra os nerds e bundões desse mundo de nosso senhor (risos - e as letras minúsculas são de propósito), mas, repito, que moleque chato. Se o personagem tiver morrido virgem, não foi à toa.

O resto do elenco é de apoio, embora tenham relevância na trama. Toni Collette com seu choro pelos cantos e suas peculiaridades como ser humano (é vegetariana, meio hippie, estabanada, e ama e mima o filho mas sem perceber ignora-o) é uma atração à parte.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Dois Dias, Uma Noite (Deux jours, une nuit) - 2014; o capitalismo e seus venenos

Dois Dias, Uma Noite (Deux jours, une nuit), lançado em 2014.
Um filme dos Irmãos Dardenne (Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne).
Mais um filme que ganhou grande visibilidade assinado pelos irmãos Dardenne. Contrariando seus costumes, que é o de usar atores ainda anônimos, chamaram a oscarizada Marion Cotillard para dar vida a essa personagem comum, que é o retrato do trabalhador mundial diante do sistema capitalista.

Sandra (Cotillard) trabalha num fabricante de painéis solares e fica afastada por um tempo para tratar uma depressão profunda. Quando retorna descobre que a empresa fez uma votação entre os funcionários para decidirem se ela permanecia no emprego ou eles ganhariam um abono salarial, e naturalmente a segunda opção venceu. Então ela consegue que uma segunda votação seja realizada na segunda-feira. No fim de semana, abalada pelo drama e por vestígios da depressão, ela precisa visitar os colegas um a um para tentar convencê-los a mudarem o voto a favor de seu emprego.
O realismo conhecido dos cineastas aparece aqui de modo mais comovente que nunca. Sem cair em maniqueísmos e melodramas, lança um olhar humano e intimista sobre uma mulher que precisa recuperar a autoestima após uma crise depressiva e lutar para manter seu emprego.

A Bélgica é um dos países mais socialmente desenvolvidos do planeta, onde o índice de desigualdade é dos menores que existem, o IDH é muito alto e as pessoas tem boa renda. Mesmo assim, lá também existem problemas, ainda mais numa Europa em crise e a União Europeia mostrando cada vez mais para o que veio: fortalecer o poder regional de países muito ricos como Alemanha e Reino Unido e subjugar os mais pobres como Portugal, Grécia e Espanha. Assim em nome de corte de gastos e tempos difíceis a empresa pode escolher entre mandar embora uma funcionária e aumentar a jornada de trabalho e o salário dos que ficam.

Quando Cotillard sai de porta em porta a pedir que os colegas mudem o voto para que ela fique (abrindo mão do abono) acaba-se por descobrir ou até evidenciar/excitar os nuances da vida dos colegas: divórcio, dificuldades financeiras, relações conturbadas entre familiares. Sempre se houve os dois lados: para Sandra manter o emprego, os colegas precisam fazer sacrifícios. Nenhuma das partes, porém, é responsável por criar essa situação em que alguém sempre vai perder. No fim o que se revela é que no mundo individualizado atual, ainda pode existir alguma solidariedade.

O maior mérito do filme é extrair de Cotillard todo seu talento, num papel tão comovente quanto fez em Piaf. Seus gestos, postura e expressões faciais são muito bem trabalhadas para representar bem a mulher fragilizada que é obrigada a "se humilhar" diante dos colegas. Toda a dor ou empolgação a cada resposta é destilada nos olhos dessa linda e competente atriz.
O resto é o conhecido dos Dardenne, tão bom aqui quanto nos outros filmes: fotografia natural, câmera na mão, ausência de trilha sonora, ótima direção dos atores. Filme obrigatório na filmografia desses dois gênios.

domingo, 31 de janeiro de 2016

Nashville (idem) - 1975; e os verdadeiros EUA

Nashville (Nashville), lançado em 1975.
Um filme de Robert Altman.
Altman é reconhecido principalmente por MASH e pelo uso de histórias paralelas usado em Short Cuts - Cenas da Vida em 1992. No entanto ele usara esse tipo de narrativa anteriormente em Nashville. Aqui ele satiriza a sociedade do espetáculo da cidade de Nashville, um dos maiores polos fonográficos dos EUA.

Uma banda country tem um vocalista mulherengo que tem caso com a companheira de banda (casada com o terceiro membro). Uma jornalista inconveniente da BBC vive a tagarelar por aí. Um cantor country consolidado recebe convite de entrar para a política. Uma cantora country é desequilibrada mentalmente. Uma garçonete e uma mulher que deixou o marido querem ser cantoras. Um homem tem a mulher prestes a morrer e um sobrinha rebelde que não dá a mínima para isso. Uma cantora gospel casada recebe ligações misteriosas de outro homem. Há várias outras subtramas.

Entre final da Guerra do Vietnã e do movimento hippie e renúncia de Nixon após o escândalo de Watergate, vivia os EUA quando Altman filmou esta obra. O interior daquele país nunca foi muito explorada no cinema, pelo menos não tanto quando comparado a cidades como Miami, Nova York, Los Angeles e Washington. Mas é uma região densamente povoada que também protagoniza os rumos políticos e culturais que a nação inteira segue. Então aparece Altman com o olhar sobre a capital do Tennessee e seus costumes da época. Com a vasta gama de personagens, o cineasta explora toda aquela sociedade, em seus costumes a anseios. E lá está uma sociedade sulista, conservadora, religiosa e tradicionalista, quase incapaz de aceitar que o mundo muda. Uma personagem está tão presa ao passado que saudosista ainda lamenta a morte de John Kennedy mais de dez anos antes.

Polo fonográfico, a cidade abriga grandes estúdios que atraem aspirantes a cantores assim como Los Angeles atrai aspirantes a atores. No meio dessa algazarra, abunda, sobretudo, cantores de música country e folk. E estes conduzem a maior parte das tramas, fazendo do filme um musical. As canções foram compostas e cantadas pelo próprio elenco, inclusive uma canção, composta e interpretada por Keith Carradine, levou o Oscar. 
Mas política também se mistura nessa sátira. O filme todo acontece nas vésperas da eleição presidencial. Carros de som fazem um monólogo sobre um dos candidatos, que propõe entregar o governo estadual a um famoso e influente cantor se ele o ajudar com a propaganda; por outro lado o marido e empresário de uma outra cantora tem pavor de pensar nela envolvida em qualquer assunto político. 

A narrativa se vale de múltiplas tramas e afinal são tantos personagens que cada um deles tem pouco tempo e poucas cenas para se desenvolverem (e há espaço para muita improvisação dos atores). Acompanha-se esses seres com certo distanciamento, certa indiferença, como a dizer que ali não há nada mais que banalidades, que são pessoas comuns. Filmes com múltiplas tramas acabam sempre por convergirem num único ponto, unindo todos os personagens uns aos outros. Em Nashville há algo parecido, mas a ligação entre personagens é fraca. Em vez de usar as múltiplas tramas para dizer que tudo é interligado nessa vida (como fazem Babel, Crash e Magnolia, todos de diretores que se referenciaram em Altman) usa múltiplas tramas para retratar uma realidade social. São todos tão pouco exclusivos no mundo, que até seus diálogos, quando realizados em ambientes ruidosos, não são em demasiado isolados, pois é só mais uma conversa entre tantas. No final, alheios a todos os problemas, uma multidão canta "isto não me aborrece".

Não é à toa que muitos críticos e estudiosos do cinema considerem este filme um dos mais marcantes da década de 70, ousado no estilo e na crítica à sociedade.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Cake - Uma razão para viver (Cake) - 2014; a vida segue

Cake - Uma razão para viver (Cake), lançado em 2014.
Um filme de Daniel Barnz.

Sou grande fã de Friends e consequentemente de Jennifer Aniston. E é por causa de Friends e sua eterna Rachel, que Aniston é uma das atrizes mais queridas dos EUA. No entanto esse meu "fanatismo" por ela começa em Friends e ali mesmo termina. Após a sitcom ela continuou famosa (diferente dos colegas da série) devido à uma enxurrada de filmes de comédia ou comédia romântica que nunca me interessaram. Em Cake ela abraçou um papel dramático e houve quem apostasse que seria indicada ao Oscar. Cake é um filme mediano em que Aniston mostra ser capaz de papéis dramáticos, embora não justifique prêmios.




Após sofrer um acidente que mata seu filho e a deixa muito ferida, Claire (Aniston) sofre de dor crônica, o que a obriga a se entupir de analgésicos e sedativos. Infeliz, sua relação com as pessoas é dificultada e ela sobra quase sozinha, sem saber onde e como arrumar forças para continuar.


Menos magra e com pouca maquiagem (exceto a usada para criar cicatrizes), Aniston faz um trabalho cru, onde o que conta são os nuances de cada gesto, cada postura, cada expressão facial. Cercada de coadjuvantes competentes, a base para a qualidade de seu trabalho é moldada. Claire é carregada de dor, tristeza, culpa e amargura. No entanto o filme não vai muito além disso.



Tirando os atores, em especial Aniston, nada mais se destaca no filme. Na fotografia há muita técnica para pouca sensibilidade. E o roteiro tropeça muito. Em diversos momentos a obra flerta com a comédia e o resultado não é bom. As piadas de humor negro e o sarcasmo de Claire são toleráveis, combinam com a personagem amargurada e revoltada com os rumos da vida. Mas uma mexicana xingando em espanhol e uma pequena ladra - que supostamente há de se tornar atriz pornô depois de se frustrar com uma carreira artística - fazendo bons bolos estão ali como extravagâncias.

As alucinações envolvendo uma morta, então, não ajudam em nada.
E o enredo é a velha fórmula da pessoa que precisa superar um trauma.

Só vale a vista pela Aniston.