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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Nós que Nos Amávamos Tanto (C'eravamo tanto amati) - 1974; amor, ideais, frustrações e metalinguagem

Nós que Nos Amávamos Tanto (C'eravamo tanto amati), lançado em 1974.
Um filme de Ettore Scola.
O auge do cinema italiano se deu logo após a II Guerra, com o movimento neo-realista. Ettore Scola é um herdeiro deste movimento, que se esgotou rápido, mas em Nós que nos amávamos tanto ele homenageia o movimento, sobretudo Vittorio de Sica e seu Ladrões de Bicicleta. Apesar da metalinguagem, o filme não é sobre o cinema italiano. Conta a história de três amigos e uma mulher, ao longo de várias décadas.

Três pessoas observam uma mansão por cima do muro quando se inicia um flash-back. Vários homens participam da Resistência Italiana (guerrilhas contra o fascismo de Mussolini), três deles bastante amigos. Quando acaba a II Guerra eles se separam, mas tornam a se reencontrar. Os três, em algum momento, irão se envolver com uma mesma mulher, Luciana.

C'eravamo tanto amati foi rodada em preto-e-branco, sépia e em cores. Scola brinca com a fotografia, usando cada um dos três estilos para momentos específicos de sua obra. É um filme amargurado, mas extremamente cômico. Tudo tem por trás alguma ironia. Por meio da história de seus quatro personagens, cada um levando uma vida distinta mas intimamente ligadas, Scola conta a história da Itália (semelhante a o que ele fez em O Baile, onde é contada a história da França) e também de seu cinema. Ele promove um verdadeiro estudo sobre as relações humanas e os efeitos do tempo, com notável sensibilidade.
Nossos amigos são bastante diferentes, um pobre, o outro um intelectual arruinado e o terceiro um homem que subiu socialmente abrindo mão de seus ideais, de seu amor, de si mesmo. O que têm em comum é nutrirem um amor pela mesma mulher, algo que provoca muitas mágoas.
Scola adentra a alma de seus personagens, conduzidos com graça por excelentes atores, e humaniza tudo de um modo exemplar.
Nós que amávamos tanto o cinema italiano temos agora um motivo a mais para intensificar o sentimento.

#ficaadica

sábado, 28 de setembro de 2013

O Mágico de Oz (The Wizard of Oz) - 1939; um marco no cinema

O Mágico de Oz (The Wizard of Oz), lançado em 1939.
Um filme de Victor Fleming.
Me pergunto qual foi a reação do público nos anos 30, quando assistiam à estreia deste filme, no momento em que Dorothy abre a porta de sua casa e o mundo mágico do cinema adquire cor. Embora não seja o primeiro filme colorido, foi um dos precursores, e sem dúvida um dos que mais contribuíram na popularização da tecnologia, dada sua popularidade e sua competência no uso da cor.

Numa fazenda do Kansas vive Dorothy (Judy Garland) com seus tios. Correndo o risco de perder seu amado cão Totó, ela foge de casa. Logo depois ela desiste e volta para casa, mas volta durante uma tempestade e um furação leva sua casa. Quando acorda está num mundo diferente, onde vai fazer amigos - e inimigos - e procurar por um feiticeiro poderoso, capaz de levá-la para casa.

The Wizard of Oz é de um tempo em que os estúdios de cinema eram ainda mais poderosos do que hoje em dia. Isso levou o filme a passar nas mãos de diversos diretores, mas foi Victor Fleming, diretor de ...E o vento levou, que filmou a maior parte do filme e por isso é o diretor creditado. É também do tempo do cinema monocromático, o início do uso em escala do Technicolor se deu apenas quatro anos antes. Para muitos foi a primeira vez que a magia do cinema ganhou cores, isso em tempos de II Guerra. É interessante como o "mundo real" (fora e dentro do filme) são tristes e cinzentos, enquanto no mundo onírico de Oz tudo é alegre e colorido.

Muito além da cena imortal do "Somewhere, over the rainbow...", O Mágico de Oz de encanta pela sua capacidade de nos fazer sonhar. É um filme teatral, cheio de plantas plásticas, fantasias desengonçadas, painéis usados como fundo de filmagem, maquiagem exagerada e atuações super dramatizadas, como quase tudo antes anos 60; mas isso não tira seu mérito de transmitir belas mensagens aos pequenos e mostrar um mundo de cores e seres fantásticos. Sua importância histórica para a sétima arte fez dele um dos filmes mais cultuados de sempre.

Embora algumas de suas características sejam irritantes para nós de uma geração que cresceu a ver cinema com atuações, cenários e enredos naturais e verossímeis, o clássico encanta sobretudo pelo seu elenco. Judy Garland empresta uma simpatia e ingenuidade à sua personagem que sozinha faz metade do filme ser o que é. O restante do elenco, sobretudo Ray Bolger, o Espantalho e Margaret Hamilton, a Bruxa Malvada, também é competente e marca o filme.

Não deixe de conhecer este clássico.

#ficaadica

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Curta-metragem: O velho e o mar (Old Man and the Sea) - 1999; deslumbrante

O Velho e o Mar (Old Man and the Sea), lançado em 1999.
Um filme de Aleksandr Petrov.
Não bastasse ser um filme belíssimo, baseado no famoso livro homônimo do Nobel de literatura Ernest Hemingway, este curta surpreende pelo heróico modo com que foi produzido. Quase 30mil pinturas à óleo, feitas a mão sobre vidro, que foram fotografadas e animadas. Uma explosão de cores, de sons e uma trilha sonora que é um deleite inarrável. Os dubladores não vacilam, e fazem um trabalho vocal incrível.

Um trabalho maravilhoso e sem paralelos. Deliciem-se com esta verdadeira obra de arte.

Qualquer problema com o vídeo, como ter sido deletado, por favor nos avise nos comentários.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Curta-metragem: Hotel Chevalier (idem) - 2007; sentimentos que gritam silenciosamente

Hotel Chevalier (Hotel Chevalier), lançado em 2007.
Um filme de Wes Anderson.
 Há um motivo para eu, geralmente, só postar curtas-metragens de animação. É que eles não tem falas, eu não preciso ficar naquele dilema de postar o vídeo original legendado ou a versão dublada.
Hoje lhes trago um curta legendado, que é o que sempre prefiro. Me perdoem os caros leitores que só assistem dublado, peço que procurem este filme no Google, não deverão ter problemas em encontrá-lo, e que continuem com suas visitas.

Neste filme de Wes Anderson, que serve como um prólogo para o longa A Viagem para Darjeeling, Jason Schwartzman está em um hotel quando a mulher com quem se relaciona, mas que com a qual está em conflito, lhe liga e anuncia que irá visitá-lo no hotel. Ele se arruma e espera.

Com uma fotografia belíssima, e um enredo simples e pouco revelador, este filme de treze minutos traz Natalie Portman num papel maduro e sensual. Sem muito texto, ele revela sentimentos e emoções contidos mas profundos, quase a gritarem.
Qualquer problema com o vídeo, por favor nos avise nos comentários.

sábado, 21 de setembro de 2013

O diabo veste Prada (The Devil Wears Prada) - 2006; divertido

O diabo veste Prada (The Devil Wears Prada), lançado em 2006.
Um filme de David Frankel.
O mundinho da moda, por trás de seu glamour e charme, é um universo um tanto cruel e muitas vezes podre, cheio de intrigas e inveja. Nele, a escritora do livro homônimo, se criou antes de abandonar o meio e escrever seu best-seller. O livro, então, é quase uma autobiografia. A adaptação (que pelo que li fugiu demais do livro) ficou por conta de David Franker, estrelando a lenda viva Meryl Streep e Anne Hathaway.

Andy Sachs (Hathaway) é uma recém-formada em jornalismo que acaba de chegar em Nova York, vinda do interior do país. Ela acabará arrumando um emprego na mais poderosa revista de moda do mundo, como assistente da editora-chefe Miranda Priestly (Streep). Nesse novo ambiente, hostil, ela vai tentar se adaptar, precisando para isso mudar a si própria, e suportar a megera arrogante que é Miranda.

Sem dúvidas o filme é de Meryl Streep, não há uma única cena em que ela não esteja sublime, ofuscando o brilho dos outros atores, mesmo Anne Hathaway e Emily Blunt que entregam atuações dignas. Sua pose, seu olhar, a arrogância, a hipocrisia, a elegância e o ar de superioridade que transmite são impecáveis, tornando-a uma vilã (embora bastante humanizada) inesquecível. Ao longo do filme vamos conhecendo um pouco do mundo hostil e sádico da moda, onde as pessoas vivem de aparências e futilidades. Sempre um monte de mulheres bem vestidas, ostentando roupas das mais caras grifes existentes. Apesar de um tanto previsível, é uma sátira ácida e divertida. Mais que isso, apesar de um filme de entretenimento, ele aborda temas como a adaptação e assimilação do indivíduo no meio e os conflitos morais que isso pode gerar.
#ficaadica

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Happy Feet: O pinguim (Happy Feet) - 2006; visualmente deslumbrante, porém chatinho

Happy Feet: O pinguim (Happy Feet), lançado em 2006.
Um filme de George Miller.
pesar de um visual de tirar o fôlego, com brilho, reflexos, transparências e renderizações incríveis e personagens simpáticos, o enredo deste filme deixa muito a desejar, falta premissa, e o final foi um dos mais decepcionantes que já vi. Acho que o terceiro ato mais rápido que já assisti.

Na Antártica vive uma população de pinguins-imperadores, cujo ritual de acasalamento consiste em cantar canções para conquistar seu parceiro. Vemos um casal se conhecer e logo após a fêmea partir para o mar, deixando o macho chocando o ovo durante o inverno. Então nasce Mumble, um pinguim diferente dos outros, incapaz de cantar ele dança, o que faz com que seja discriminado pelo pai e pela sociedade. Quando ocorre uma falta de peixes, ocasionada pelo excesso de pesca humana, ele sai em busca de respostas.

Happy Feet tem seu charme. Com toda uma estrutura de musical, ele possui boas canções originais, algumas de lendas como Stevie Wonder e Queen, e em algumas ocasiões coreografias interessantes. No entanto o sapateado de Mumble não me atrai. Com todas as maravilhas que a computação gráfica é capaz de proporcionar, somos levados para o extremo sul do planeta, um ambiente que no filme pode ser escuro e cruel ou alegre e brilhante.
É interessante algumas verossimilhanças que os pinguins do filme tem com os pinguins-imperadores reais: machos chocam os ovos num inverno rigoroso, alternando de tempos em tempos quem fica na beirada recebendo o vendo, enquanto as fêmeas pescam e armazenam energia. Quem gosta de biologia como eu, que inclusive já havia assistido a um documentário da BBC sobre essa espécie de pinguins, se delicia com a cena. Mas logo o filme se torna cansativo. Sem boas piadas maduras, o roteiro arrastado, que no máximo fala sobre bullying, dificilmente agrada a adultos ou crianças mais velhas e exigentes. É difícil ver graça nas aventuras de Mumble, e o desfecho do filme é de amargar: depois de o roteiro se embrenhar num beco sem saída, em dez minutos um final fácil se constrói. Me recusei a considerar Mumble como um herói.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Curta-metragem: A Banda de um Homem Só (One Man Band) - 2005; mais um da Pixar

A banda de um homem só (One Man Band), lançado em 2005.
Um filme de Mark Andrews e Andrew Jimenez.
Sou suspeito para falar de Pixar; adoro os curtas de animação do estúdio. Sempre imprevisíveis e divertidos, contam pequenas histórias enxutas e originais, com visuais deslumbrantes.

Dois artistas de rua se envolvem numa disputa musical para ganharem a doação de uma garotinha que os assiste.

Uma pequena lição contra a mesquinhez.

Qualquer problema com o vídeo, como ter sido deletado, por favor nos avise nos comentários.

domingo, 15 de setembro de 2013

A montanha sagrada (The Holy Mountain) - 1973; o filme mais estranho que já vi ao longo da vida

A montanha sagrada (The Holy Mountain), lançado em 1973.
Um filme de Alejandro Jodorowsky.
Este foi meu primeiro contato com algum trabalho do chileno Alejandro Jodorowsky. Fiquei chocado.

Um homem que se parece com a imagem clássica de Jesus Cristo (e por isso serve de molde para estátuas), depois de assistir a uma peculiar luta animal, sobe um gancho de ouro e encontra um alquimista, que irá guiá-lo junto a poderosos por uma jornada em busca da imortalidade.

Filmado na turbulenta e drogada década de 70, The Holy Mountain é um filme surrealista e extremamente psicodélico. Uma deslumbrante sátira ao consumismo, a religião, a violência. Tão perturbado que deixaria Luís Buñuel no chinelo. 
Quase nada parece ter sentido, verossimilhança é bobagem, o experimentalismo é a bola da vez e os homens são podres. Cada segundo do filme é carregado de simbolismos e críticas, implícitas ou escancaradas. Temos direito até a caricaturas de personas bíblicas. Entre sacrilégios e filosofias somos levados para um cenário peculiar onde a violência, a ganância e tudo de ruim da natureza humana se revela sem pudores. Cenas e cortes não se ligam, mas toda essa loucura é uma delícia de ver. Amantes de cinema não deveriam morrer sem assistir a cena em que "europeus invadem o império asteca". É um orgasmo. Nudez, sexo, sangue e pássaros, confiram.

Apesar de todo o absurdo, é possível compreender bem a premissa e até tirar algumas interpretações que, claro, dependem muito do emocional de cada espectador. Deve ser como usar LSD. Adorei a viagem.

#ficaadica

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

300 (idem) - 2006; pura estupidez

300 (300), lançado em 2006.
Um filme de Zack Snyder.
Gosto de história, inclusive gosto muito da história dos povos da antiguidade, mas 300 é um filme tolo.
Todos já ouviram falar do que foi Esparta em seu apogeu, a oligarquia, a cultura militarizada, sua xenofobia e fechamento cultural, seus guerreiros másculos. Em 300 temos 300 homens seminus, todos com um abdome esculpido a base de testosterona sintética e efeitos visuais, untados com óleo e enfiados em tangas apertadas. Os nobres guerreiros espartanos, nas mãos de Zack Snyder, se converteram em uma espécie de gogo boys ridículos e sanguinários.

Crescendo numa academia de treinamento militar, quase cinco séculos antes de Cristo, o Rei Leónidas vai se tornar um corajoso homem, que tendo sido ameaçado de ter o império atacado pelos persas, vai sair com sua guarda pessoal de trezentos homens para enfrentar dezenas de milhares de soldados persas.

O que mais há em 300 é morte e sangue, este último valorizado em câmeras lentas que é para sentir vergonha alheia por quem inventou colocar uma bobagem dessas no roteiro. Aliás o que não falta é bobagem, a premissa absurda - mas que teoricamente é real - foi agravada com várias coisas sem verossimilhança ou sentido. Trezentos homens estúpidos, arrogantes e desagradáveis. Milhares de guerreiros incrivelmente malhados e erotizados, uma multidão de persas sem, aparentemente, o que comer e beber e ainda por cima arrastando uma plataforma gigantesca, cujo topo é ocupado por Rodrigo Santoro, que em entrevista disse ter malhado e se depilado para o papel, e que apenas resmunga uma meia dúzia de palavras. Creio que o antagonista principal merecia um pouco mais de destaque, e uma aparência menos feminina, sem os supercílios raspados e redesenhados com maquiagem.
No filme a violência é quase gratuita, não tem muito motivo para tanta briga. A truculência é agravada com uma fotografia demasiado escura. Da grande quantidade de efeitos especiais, apenas alguns soam interessantes. Se gosta de coisas que fazem sentido e personagens mais ponderados, fuja desta película. Mas se adora uma violência exagerada, mesmo que sem inteligência, é um filme capaz de entreter.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Curta-metragem: Presto (idem) - 2008; divertidíssimo

Presto (Presto), lançado em 2008.
Um filme de Doug Sweetland.
Mais um pequeno filme da Pixar.
Divertido e visualmente impecável, nele conhecemos um espirituoso coelho, diferente dos outros que estamos acostumados a ver, a sabotar as mágicas de seu dono.
Esta pérola era exibida antes de WALL·E nos cinemas, e enquanto o longa levou o Oscar de melhor longa de animação no ano seguinte, o curta foi incado ao de melhor curta de animação.

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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Curta-metragem: Vinil Verde - 2004; fraco

Vinil Verde (Vinil Verde), lançado em 2004.
Um filme de Kleber Mendonça Filho.
Este é um daqueles filmes que me arrumam encrenca. Daqueles que tenho uma opinião oposta ao do senso comum. A maioria dos filmes que assisto acabo tendo uma visão muito parecida com a de crítica e público, mas quando não gosto de um que toda a gente gostou ou vice-e-versa, acabo levantando polêmicas, a ponto de já ter limitado meu uso a uma rede social de filmes.
Não sei se por algum sentimento nacionalista ou o quê, não vi na rede ninguém falando mal deste curta. Vou ser um precursor.

Usando fotografias estáticas como fez La Jetée (post em breve) a mais de cinco décadas, Filho nos conta um conto infantil pseudo-assustador em que uma garota sendo proibida de fazer algo fica ainda mais tentada a fazê-lo.

É a velha historinha bíblica do "te dou isso mas te proíbo de usar, não sei porque não escondo, mas pareceu-me sensato colocar nas tuas mãos e proibir-te que use, espero não estar sendo um idiota; mas é bom que já descubro se tu és de fiar". Uma alegoria ao mito do bicho-papão, onde ameaças tentam cortar asas. Além da fotografia tentar forçar a barra a parecer obscuro e assustador, o ritmo é lento, o voice-over (leitores que serão futuros cineastas, evitem o voice-over o máximo possível) é monótono e com uma voz que dá mais sono do que o leva embora e a trilha sonora é no mínimo ridícula. Tudo bem que é um filme para crianças, mas deveriam fazer algo mais visceral e menos previsível.
Assisti balançando as pernas, ansioso para terminar logo. Vocês tirem suas conclusões.
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sábado, 7 de setembro de 2013

Cidade dos Sonhos (Mulholland Drive) - 2001; surrealismo no cinema do século XXI

Cidade dos Sonhos (Mulholland Drive), lançado em 2001.
Um filme de David Lynch.
Mulholland Drive é um daqueles filmes complicados de entender, aberto a várias interpretações. O filme não tenta se explicar. Se você gosta de tudo mastigadinho e explícito, não perca tempo com este filme, você não vai gostar. Aos que aceitam essas características, Cidade dos sonhos é um programão para um domingo a tarde.

Numa noite uma sexy morena se envolve num acidente de carro e perde a memória. Se aloja, escondida, numa casa de uma velha atriz e lá fica. Pouco depois a sobrinha da atriz (que é aspirante a se tornar uma atriz também) chega na casa e a encontra tomando banho. Ela então vai tentar ajudar a mulher a se lembrar de quem é e entender o que lhe aconteceu.

Com fortes traços surrealistas, David Lynch, conhecido pelo seu cinema experimental, cria um thriller capaz de prender a atenção do público como poucos filmes fazem. A narrativa não é linear e aos poucos vão sendo introduzidos novos personagens, e quando você pensa que começou a desvendar o enredo e entender o que aquelas duas mulheres representam e o que aconteceu para se encontrarem, a trama dá uma volta e você não sabe de mais nada, mas sabe que o roteiro é brilhante e que deve existir algum sentido nele, mesmo que o próprio diretor afirme que não devemos tentar entendê-lo. Somos imersos num ambiente de onirismo, sensual e perturbador, e nos deixamos levar rendidos, sem cobrar de nós mesmos que entendamos o que vemos, apenas que continuemos a nos deliciar.

A música, a fotografia, o elenco bem escolhido (embora ninguém aqui faça um trabalho que merecesse um prêmio de melhor atriz em Cannes), a montagem. Tudo nos leva a essa misteriosa e desconexa viagem.
Dizer mais seria forçar vocês a aceitarem minha interpretação, assistam e tirem suas próprias conclusões.

#ficaadica

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Especial: Curtas-metragens: os três primeiros trabalhos da Pixar.

A Pixar é um estúdio conhecidíssimo por seus trabalhos com animação. Sua história começa nos anos 80, e abaixo você confere os três primeiros filmes da história de sucesso dessa produtora, que já nos presenteou com longas como Procurando Nemo, WALL·E e Ratatouille. São filmes rápidos e simples, sem tanta qualidade gráfica como são os de hoje (afinal estamos nos anos 80) mas que já mostravam o charme e o estilo da produtora.

André & Wally B. (The Adventures of André & Wally B.), lançado em 1984.
Um filme de Alvy Ray Smith.


Luxo Jr. (Luxo Jr.), lançado em 1986.
Um filme de John Lasseter.


Sonho do Red (Red's dream), lançado em 1987.
Um filme de John Lasseter.


Qualquer problema com os vídeos, como terem sido deletados, por favor nos avise nos comentários.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

A Partida (Okuribito) - 2008; um olhar sobre a morte

A Partida (Okuribito), lançado em 2008.
Um filme de Yojiro Takita.

A Partida é um filme de erros e acertos.
De um lado uma história belíssima sobre o que há de mais natural e triste, a morte, de outro um diretor sensível mas que cometeu a tolice de inserir humor na trama para dar leveza ao tema.

Daiko é violoncelista numa orquestra em Tóquio. Toca desde pequeno. Mas tão logo conseguiu o sonho de entrar nela, a orquestra se desfez e ele volta para o interior do país, onde nasceu, levando consigo a esposa. Chegando lá ele começa a trabalhar como um nokanshi, um profissional que prepara e maquia cadáveres para os rituais fúnebres. Nesse emprego incomum, que ele esconde de todos, ele vai encontrar a si mesmo.

É um filme bonito. Desde sua trilha sonora bela e bem utilizada, sem exageros - passando por uma fotografia cálida e viva, com uma iluminação suave e natural - até a sua premissa; é uma obra que agrada aos olhos, aos ouvidos e ao coração.
Perdido em relação aos rumos de sua vida e magoado desde criança com o abandono do pai, Daiko é um jovem homem que por uma ironia do destino vai trabalhar diretamente com a morte. Tendo detestado o emprego no início, aos poucos vai tomando respeito pela profissão e nutrindo grande admiração pelo patrão, um senhor sereno e sábio.
Seu trabalho é para pessoas pacientes e atenciosas. O processo de preparação dos corpos é de uma beleza enorme, uma tradição que anda sendo quebrada no Japão contemporâneo, onde se revela todo o respeito, carinho e consideração para com quem partiu. Aliás, várias coisas no filme tem a função de simbolizar a ocidentalização do Japão e a perda de sua cultura milenar, como o declínio das casas de banho, o fechamento da orquestra, a "terceirização" do "condicionamento" que antes era dever da família, o desuso dos trajes típicos etc.

Há belos momentos de drama maduro, que em essência trata dos vivos que ficam, e não do que acontece com os mortos depois que morreram. Isso feito com memoráveis qualidades estéticas, filmado com um olhar atento e sensível do diretor que dá atenção até aos pequenos detalhes. Mas o roteiro está repleto de passagens e falas carregadas de humor, que tiram um pouco da consistência da obra e arruína cenas que poderiam ser brilhantes. O próprio Daiko e seu patrão são personagens caricatos à vezes, principalmente o primeiro. A esposa de Daiko então... tão sorridente e compreensiva que irrita, que soa falso.

É um filme que conquista pela sua simplicidade e pelo tema universal. Tanto que levou o Oscar de melhor fime em língua estrangeira.

#ficaadica