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terça-feira, 30 de abril de 2013

O império dos sentidos (Ai no Korīda) - 1976; o maior drama erótico da história

Fiquei confuso se deveria ou não resenhar este filme, afinal é um filme adulto (erótico, não pornográfico), e o blog não é.
Então pensei: "Por que não? É um clássico do cinema, respeitadíssimo, reconhecido pela crítica e pelo público. E você não deve ter leitores menores de quatorze anos, que é uma idade que já sabe muito bem o que é sexo. Você próprio não tem dezoito anos ainda e já viu este e outros filmes 'piores'".
Então resolvi resenhar sim, seria hipocrisia minha dizer que me preocupo com alguma eventual "perda de inocência".

O Império dos Sentidos (Ai no Korīda), lançado em 1976.
Um filme de Nagisa Oshima.
Alguns filmes, no contexto em que são produzidos, acabam criando polêmicas ao mesmo tempo que são aclamados pelo estilo inovador, a ousadia, a originalidade. Foi o caso de O Império dos Sentidos, de Nagisa Oshima, que durante toda a vida criou filmes polêmicos, que em seu próprio país teve a maioria dos filmes cortados pela censura. E a cutucada na ferida dos moralistas, desta vez, foi colocarem dois atores fazendo sexo de verdade.

Este filme, ao contrário do que algumas pessoas pensam, não é pornográfico. O cinema pornográfico é focado no sexo, o que não é o caso dessa obra de arte.  Ai no Korīda é um drama altamente erótico, que narra uma história real acontecida no Japão, e para isso não há pudores em mostrar sexo explícito e nudez feminina e masculina.

No Japão pré II Guerra, Sada Abe é uma ex-prostituta que passa a trabalhar como empregada na casa de Kichizo Ishida. Sedutor, o patrão logo conquista a moça, que possui um apetite sexual incomum. Mas esse pequeno adultério feito por diversão acaba se tornando numa paixão cada vez mais profunda, a ponto de os dois amantes não se largarem e passarem o dia todo num quarto, fazendo amor, numa busca incansável pelo prazer.

O Império dos Sentidos é muito mais do que uma primeira impressão nos faz pensar. Apesar do enredo enxuto, que acaba num trágico fim, o filme faz muito mais do que apenas mostrar um casal fazendo sexo.
Influenciado pelo neo realismo, que visa denunciar as duras verdades da vida, como a pobreza, fome e criminalidade, Nagisa Oshima, vendo a ocidentalização de seu país, que deixa para trás as tradições milenares, cria um filme mostrando toda a sensualidade e erotismo que a cultura japonesa sempre aceitou, e que o mundo ocidental, com sua cultura cristã, condena. Além disso, é claro o jogo de submissão e controle que o filme aborda, inclusive com cenas sado masoquistas de estrangulamento. Enquanto nos anos 60 e 70 a revolução sexual queima soutiens para mostrar a liberdade sexual que o ser humano anseia, nos momentos íntimos não falta gente que gosta de ser submisso. O filme ainda conta com uma cena interessante em que o protagonista anda e direção contrária a militares (lembrem-se que estamos à vésperas da II Guerra), indiferente a eles. Isso demonstra que para ele tudo o que não é Sada já não pertence a seu mundo, ele não está preocupado com a euforia da pré-guerra.

E tudo é cuidadosamente filmado por Oshima, com uma delicadeza, naturalmente e belamente sensual, não vulgar, mesmo em cenas delicadas como a do ovo enfiado na vagina e a ejaculação na boca. Dois seres se entregando no sexo, e lutando psicologicamente (ciumenta, Sada vive ameaçando o parceiro com uma faca).
E tudo isso com uma química incrível dos dois atores Tatsuya Fuji e Eiko Matsuda.

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domingo, 28 de abril de 2013

Django Livre (Django Unchained) - 2012; excitante, sangrento, e elegante

Django Livre (Django Unchained), lançado em 2012.
Um filme de Quentin Tarantino.
O diretor Quentin Tarantino sempre mostrou um modo muito peculiar de trabalhar, que deixa seus filmes com sua cara, facilmente reconhecíveis. Mestre da violência, ele sempre nos dá filmes excelentes que entre sangue, drogas, álcool, sêmen e lama; em suma tudo o que há de sujo na vida humana; possuem uma elegância inenarrável, uma originalidade sem limites, e uma maravilhosa (e sádica) brincadeira adulta diante das câmeras.

Django Unchained é mais um de seus filmes que dão mais do que prometem (e vejam que não sou de ir com pouca sede ao pote se tratando de Tarantino). Mas desde já, antes mesmo da sinopse, é válido dizer que há tempos não via um filme tão bem atuado. Mais que verdadeiras encarnações vindas de nomes famosos como  Jamie Foxx (que me surpreendeu duas vezes; uma pelo trabalho impecável que meu preconceito não previa, e outra por não ter sido indicado ao Oscar); o filme conta com trabalhos impressionantes num geral: não faltam figurantes que parece terem nascido para interpretar seus papéis.

No sul dos EUA, às vesperas do início da Guerra Civil, o ex-dentista Dr. King Schultz (Waltz), que agora é um caçador de recompensas, resgata um escravo negro chamada Django (Foxx) da mão de traficantes, após matá-los, e o contrata para reconhecer algumas pessoas procuradas, que ele quer matar. Ajudando-o com isso ele daria a liberdade a Django e uma pequena recompensa. O escravo aceita e o ajuda, mas apesar de livre, ele continua com o dentista nas caçadas à procurados, principalmente por um motivo: na primavera o Dr. Schultz iria ajudá-lo a reecontrar sua esposa Broomhilda. E para se meterem nessa e noutras empreitadas, não raras vezes precisam fingir ser quem não são.

Como em outros trabalhos do diretor, que também é o responsável pelo roteiro, não espere muita verossimilhança. Lembram da morte de Hitler em Bastardos Inglórios? Aqui não temos um atentado à história oficial, apenas protagonistas pouco críveis mas impressionantemente reais em toda sua fantasiosa existência. Mas fique registado que a violência e os dramas humanos, vividos por coadjuvantes, são feios como a própria realidade em que foram inspirados: a escravatura. Django Unchained usa a violência para nosso entretenimento, mas não deixa de nos fazer sentir alguma culpa por isso. Extravagante, sinistro, divertido e feio: como o próprio Tarantino.

E desta vez, para nossa agradável surpresa, esta obra do diretor segue uma narrativa linear, com apenas uns poucos flash-backs. O humor negro está lá, e não é difícil vê-lo; nem ouví-lo, a trilha sonora é feliz durante tragédias, como a música durante a morte de Shosanna em Bastardos Inglórios. Há cenas memoráveis, diálogos excitantes, atuações enérgicas. O Ku Klux Klan sendo derrotado após um debate infantil acerca de furos em sacos é uma, a luta vencida com um martelo outra, o pequeno diálogo confidencial entre Schultz e Django durante o passeio em Candyland também, a caveira na mesa de jantar uma quarta. Mas na verdade o filme é um monte de belas sequências, uma atrás da outra.

No entanto não há heróis, todo mundo tem as mãos sujas de vermelho, cada pessoa parece mais fria e odiável que a outra,  Broomhilda é o que está mais perto de uma boa moça. Mas a cena é de seu marido, repito, brilhantemente desenvolvido por Jamie Foxx, que revela o ódio e a sede de vingança por trás de seus olhos. Waltz está sublime como um homem espirituoso, frio e muito inteligente. DiCaprio, no papel de vilão, faz um dos melhores trabalhos de sua carreira: um branco rico e repugnante. Mas talvez o pior personagem seja o de Samuel L. Jackson, que o interpreta majestosamente: um escravo "privilegiado" que trata seus irmãos negros como lixo, que trai a própria raça.
Django Livre é uma viagem maravilhosa a um mundo horrível e negro do passado.

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sexta-feira, 26 de abril de 2013

A Era do Gelo (Ice Age) - 2002; divertida animação

A Era do Gelo (Ice Age), lançado em 2002.
Um filme de Chris Wedge e Carlos Saldanha.
Ice Age é um filme dócil e agradável, que possui um humor bobo e contagiante, divertido. Pode não ter a premissa mais original que já se viu, mas não deixa de ter um grande valor, com piadas inéditas vindas de personagens adoráveis. Um filme para se ver em família, que agradará também os adultos.

20 mil anos atrás, quando a Terra estava em um de seus períodos glaciais, e os mamutes eram seres ainda vivos, o esquilo Scrat (que em todos os filme da série sempre é o mais querido dos personagens, mesmo não passando de um figurante, uma feliz distração) enterra uma noz. Isso cria uma fenda que se estende por quilômetros e cria avalanches. Então vemos uma multidão de animais pré-históricos a emigrarem para o sul, fugindo do intenso frio. Porém um mamute mal-humorado chamado Manfred fica para trás e é seguido por Sid, um bicho preguiça escandaloso, o mais engraçado personagem. Acaba que um bebê humano para em suas mãos e eles decidem devolvê-lo ao bando de humanos, para salvar sua vida, mesmo sabendo que seres humanos estão sempre a matar animais. De um grupo de tigres dente de sabre, vem Diego para raptar o bebê. Para isso ele terá de enganar os dois animais e fingir ser amigo deles, embora, eventualmente, ele desenvolverá um afeto por eles e pelo bebê.

A era do gelo conquista o público pelas piadas sinceras e personagens empáticos, numa história conhecida de personagens que se colocam numa busca a algo: uma história de estrada. Não é exatamente verossímil - um tigre, para sobreviver, não pensaria nem sequer uma vez antes de atacar uma presa -, mas nem precisava, é de uma imagem gentil como essa que um filme para crianças precisa: respeitar as diferenças, ajudar os outros.

Ainda falando dos personagens, são um milagre da computação gráfica; eles tem personalidade, criada por sutis gestos e expressões, são seres peculiares muito bem feitos e desenvolvidos. Alie isso com dublagens de qualidade: os dubladores entendem a personalidade dessas criaturas e a melhora ainda mais com a voz.
E nesse ponto técnico, é notável o quanto os cenários são convincentes, mesmo sem parecerem reais como das animações de hoje. É um filme bonito e colorido, mesmo tendo, antes de tudo, o branco do gelo.

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quarta-feira, 24 de abril de 2013

Curta-metragem: Ilha das Flores - 1989; ácidas verdades

Ilha das Flores (Ilha das Flores), lançado em 1989.
Um documentário de Jorge Furtado.
Ás vezes rimos de coisas que na verdade eram para chorar. E este brilhante documentário brasileiro é um desses casos que parecem de rir e afinal não o são. Não estou acusando o diretor de insensibilidade, muito pelo contrário.
O filme mostra uma dura realidade, bem visceral, mas de modo irônico, crítico; nunca debochado. São aquelas verdades que nos são jogadas na cara e então rimos de nossa própria ignorância e desumana insensibilidade, não a do diretor e roteirista, que repito, fez um trabalho maravilhoso.

O curta, basicamente, acompanha a trajetória de um tomate, desde a sua produção até o consumo e o descarte. E faz isso de uma forma não linear e didática, como que dizendo que tudo o que estamos vendo são coisas que nós, apesar de julgarmos o contrário, ainda não aprendemos de verdade. O maior exemplo disso é sempre repetir que alguém ou um grupo de pessoas são seres humanos, antes de qualquer outra coisa.

Mais que qualquer coisa uma sátira inteligente, divertida - apesar de ser para chorar determinadas cenas -, e ácida ao modelo capitalista da sociedade em que vivemos, a gritante desigualdade entre as pessoas, e o nosso individualismo (ou seria egoísmo), que não nos permite ver além de nosso nariz, ver o sofrimento de outros seres humanos. 

Recomendo muito que você tire menos de 15 min para assistir a essa película.



Por favor, qualquer problema no vídeo (fora do "ar"; deletado), avise-nos nos comentários.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

O guarda-costas (The Bodyguard) - 1992, filme médio, trilha sonora incrível

O Guarda-Costas (The Bodyguard), lançado em 1992.
Um filme de Mick Jackson.
Foi depois de falar em trilhas sonoras que acabei percebendo que eu ainda não havia escrito sobre um filme que eu vera a algum tempo: o filme cuja trilha sonora é a mais vendida da história.
Como o título do post já menciona, O Guarda-Costas não é exatamente um dos melhores filmes que eu conheço, mas também não é dos piores. O elenco que primeiramente traz Whitney Houston e depois Kevin Costner, um mais famoso que o outro, também não fez lá esse trabalho, embora até tenham alguma química; mas é uma história relativamente cativante que se sustenta principalmente pela trilha sonora, que é quase toda de músicas da Whitney, que se não foi grande atriz, foi uma das melhores cantoras da história da música.

Rachel Marron é uma cantora e atriz tão famosa quanto a própria Houston que a interpreta. Ela sofre alguma perseguição e foi ameaçada de morte. Para protegê-la é contratado, a preço alto, o guarda-costas Frank Farmer (Costner), um ex-agente do serviço secreto. Inicialmente distantes e com antipatia em relação ao outro, eles começam a se apaixonar. Mas a proximidade de Rachel e Frank, que é um excelente profissional, e por isso reconhece isto, deixa a cantora mais vulnerável a ataques, que não tardam em começar a acontecer e levar o filme por caminhos de thriller.

Os dois protagonistas, não é difícil entender, nutrem um amor que suas prioridades profissionais torna-o incapaz de ser levado adiante. Ela é uma celebridade egoísta e mimada (e nesse ponto Whitney fez um bom trabalho), ele um profissional carrancudo e traumatizado com falhas passadas que sabe que a cliente é mimada e mais frágil do que quer parecer que seja. Ele sabe que está se envolvendo, mas isso é coisa que o profissional que é não pode permitir que aconteça. Isso gera, eventualmente, um conflito, que em horas mais propícias, depois que a cantora reconhece que precisa da proteção de Frank (a capa revela esse lado), vai ser esquecido. Mas não a tempo de evitar uma tragédia e momentos de tensão. 

Se Whitney não nos deu a melhor das atuações, é inegável que foi fotografada como ninguém, sempre deslumbrante na tela, e simpaticamente antipática e orgulhosa. Uma cena especifíca revela a boa interação que ela teve com seu colega, uma cena muito peculiar de um espada e um lenço que todos deverão se recordar. Muito libidinosa, mas de um modo elegante e sutil.
E a voz que empresta à sua personagem, que em alguns momentos canta na película, rendeu um disco inesquecível, onde regrava dois sucessos da música country e soul e grava outras inéditas. Quem não conhece I Wiil Always Love You, música não-inédita que foi imortalizada na voz da cantora durante esse filme que muito fez por sua carreira de sucessos e dramas trágicos?


sábado, 20 de abril de 2013

As aventuras de Pi (Life of Pi) - 2012; uma fábula sensível

As aventuras de Pi (Life of Pi), lançado em 2012.
Um filme de Ang Lee.
Confesso que ao assistir Life of Pi esperava receber menos do que recebi. Eu já tinha ouvido falar que o filme tinha certa religiosidade, o que me desagradava, sou ateu confesso, e dos mais cépticos; mas o meu medo é que a película não passasse de um monte de falso esoterismo forçado.
Que tolo fui em subestimar Lee.
A religião está ali, mas colocada de um modo muito interessante, abstrato. Não é uma história que remete a religião, e sim à Deus, e de forma natural. Claro que não foi capaz de me fazer acreditar sequer um segundo na existência Dele, e nem o filme tinha essa pretensão, não é exatamente um conto sobre uma busca à espiritualidade. Talvez seja algo como "um filme para encantar qualquer ser humano, e para reforçar alguma fé de quem a tenha".

No Canadá moderno um romancista é induzido a conhecer "Pi" Patel, um imigrante indiano, a fim de ouvir a história de sua vida. E ele conta. Ficamos a saber da origem de seu apelido e de alguns acontecimentos que moldaram sua personalidade. Criado pelo dono de um zoológico, ele desde criança aprende a admirar alguns animais. Mas em determinado momento ele e sua família decidem emigrar para o Canadá em um cargueiro e levar alguns dos animais mais valiosos para serem vendidos. Nessa viagem uma tempestade afunda o navio e Pi acaba dentro de um bote salva-vidas, acompanhado somente por um tigre de bengala chamado Richard Parker .

Não espere verossimilhança aqui, é tudo bem fantasioso, improvável. Mas a história é tão bem conduzida que você "acredita" nela. Você a aceita, simplesmente; se deixa levar. Fiz de conta que acreditei que no manual do bote tinha instruções para se salvar caso estivesse com um fera carnívora, e não me arrependi.
Baseado num best-seller considerado como inadaptável, Life of Pi é uma narrativa de como um rapaz sobreviveu à um naufrágio acompanhado no bote por um tigre. E não é um tigre da Disney, é um animal acima de tudo, com fome e com instinto assassino, ponto que foi moldado de modo inteligente na cena da cabra sendo devorada.
Pi é um garoto ingênuo, e de repente começa a se ver rodeado de morte, de tragédia. Só lhe resta a esperança, a inteligência, alguns mantimentos, e o tigre. E um dos pontos fortes da película é o desenvolvimento destes dois personagens: eles se tornam amigos, se é que podemos usar tal palavra, como um tigre e um homem poderiam se tornar.
Diversas vezes o animal ameaçou Pi, e a ele também não faltaram algumas oportunidades de se livrar do tigre, mas ele era sua única companhia, seu único amigo vivo, ainda que ameaçador. Pi não sobreviveria mais de 270 dias à deriva se estivesse na total solidão. Lee quase sempre aborda o tema da solidão e seu peso na alma humana em seus filmes. Pi ainda vai se bronzeando, emagrecendo e amadurecendo, tornando-se sábio; fruto de um trabalho muito legal de Suraj Sharma.

Os aspectos técnicos são outras maravilhas: Richard Parker é um tigre criado em computador, um modelo 3D, tão bem criado, tão real. E o filme é uma sucessão de fotografias vislumbrantes (embora a maioria também seja computação gráfica, o que não consegui ver como um problema). Sem dúvida é um filme bonito de se olhar. A trilha sonora, na maioria das vezes, também é bem vinda.

É difícil descrever o encantamento que Life of Pi causa, é preciso vê-lo com sensibilidade apenas; não é fácil compreender porquê gostamos dele. Só gostamos. Tem tanta coisa e pessoas na vida que gostamos e não sabemos o porquê, e aceitamos isso.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Especial: Trilha Sonora de "Titanic"

Ontem fiz um post com uma lista dos 30 melhores filmes dos 200 já abordados no blog, e nisso estive a pensar na trilha sonora de alguns deles. E por mais clichê que isso possa soar, cheguei à conclusão de o que possui a melhor trilha sonora é o Titanic de James Cameron.

Não cheguei a esta conclusão levianamente, baseado no sucesso isolado de "My Heart Will Go On", pelo contrário, acredito que as outras músicas do disco, todas instrumentais, é que fazem do trabalho de James Horner (o músico responsável por toda a soundtrack) tão único e bem feito. A trilha é a segunda mais vendida da história, levou o Oscar e ainda ganhou Grammys (se bem que este último prêmio não é lá essas coisas).

Não sou crítico musical (nem de cinema me considero um, apenas um cinéfilo que gosta de escrever), e logo minha opinião abaixo pode ser falha, mas é sincera.

Abrindo o disco temos a canção Never an absolution, que inicia com uma gaita de fole (instrumento tipicamente britânico, como o navio) bem melancólica, com uma espécie de variação de My Heart Will Go On. A música é como um pedido de expiação que jamais virá, como o próprio título sugere.

Em seguida temos Distant Memories. Recheada de cordas e backvoice, a música é de uma alegria triste, como se premeditasse uma tragédia prestes a ocorrer.

A terceira faixa, uma das melhores, é Southampton. Uma melodia alegre e um pouco rápida que parece elogiar a imponência do navio no porto e mostrar toda a alegria das pessoas que embarcam e que se despedem da embarcação. Leaving port é uma variação suave e ornamentada com um órgão desta música.

Outra das melhores é Rose, basicamente uma variação instrumental de My Heart Will Go On, ainda mais triste; cantada em choro ela representa a tristeza no interior da protagonista, até que em meio à música parece haver uma alegria, uma libertação (o amor que a descobriu) a ser comemorada. Mas a alegria durará pouco.

Take Her To Sea, Mr. Murdoch, revela uma ansiedade em partir e conhecer, explorar, o oceano.

A sétima faixa, na minha opinião, é a melhor de todo o disco. Hard to starboard é como um samba-enredo, ela parece narrar a história do filme: começa como uma memória distante e esquecida (os restos do navio) que se desenvolve para uma feliz história de amor, até que começam a soar cordas que dão um ar de suspense que se desenvolve para uma melodia rápida, trágica e épica. Então parece que ouvimos a dor da tragédia e da morte, que então começa a esmaecer, nos dizendo que finalmente a morte silenciosa e fria chegou.

Unable To Stay, Unwilling To Leave é outra variação instrumental da canção de Celine Dion, porém bem mais amarga. Há nela uma percursão em segundo plano que parece um eco de um passado distante, antes de por fim a música se tornar trágica e dramática e por fim tensa.

The Sinking é rápida e premonitiva, em determinado momento parece o som de almas subindo aos céus, acima de todo o horror da tragédia.

Dead of Titanic, como o título já sugere, é imponente porém fúnebre (o navio naufragou mas ainda existe bem conservado no fundo do oceano e encanta e causa admiração numa multidão). Em determinado momento, porém, ela se torna enigmática e triste, como se o navio aguardasse uma ressurreição.

A Promise Kept é suave e arrastada, quase um silêncio escuro a guardar os corpos sob a água, que parecem crêr numa promessa de nova vida.

A life so changed parece lamentar as vidas que se foram; e An Ocean of Memories é bastante enigmática, e realmente remete a lembranças quase esquecidas, pequenas alegrias e dramas guardadas apenas na mente. Bastante nostálgica.

My Heart will go on toda a gente já conhece, imortalizada na voz da canadense Celine Dion, ela tem um arranjo mais pop, com trechos deliciosos de sons de madeiras. A voz emotiva e meio sussurrada, contida, vai se revelando a medida que a música evolui e se torna mais rápida, o que combina com a letra que é uma declaração de amor que parece estar sendo revelada pela primeira vez.

E fechando este belíssimo disco Hymn To the Sea, uma música melancólica (que volta a ter gaita de fole), realmente um hino, evoca emoções alegres e tristes, nostálgicas e também apreensivas como um medo do futuro.

Espero que tenham gostado desta minha análise sobre este disco. Você pode ouví-lo gratuitamente (e legalmente) neste link. Depois que o site abrir basta clicar em "tocar todas".

#ficaadica

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Especial: lista dos melhores filmes

Caros leitores, como havia dito, tive algumas idéias para "comemorar" a 200ª resenha do blog. E uma delas foi a de fazer uma lista dos melhores filmes destes 200. Não é um lista definitiva, a dizer que este ou aquele filme é o melhor do cinema, mas sim uma opinião pessoal e sincera deste que vos escreve dos meus 30 favoritos. Naturalmente só os 200 títulos concorrem (portanto não estranhe a falta de alguns grandes títulos, é que eu ainda não os vi nem escrevi). Foi difícil chegar a apenas 30 títulos, a maioria dos 200 são bons filmes, cheguei a uma lista de mais de 70 nomes e tive de enxugá-la sofridamente, e o resultado abaixo não segue nenhuma ordem. Não numerei os filmes como 1º, 2º e 30º, não seria justo. Espero que gostem e que assistam todos um dia.

Clique nos títulos, e não nas imagens
Chicago é o melhor musical que já vi, com canções memoráveis e debochadas este filme é uma crítica à sociedade do início do século XX, apesar de servir perfeitamente para satirizar a sociedade moderna, que nem mudou tanto assim.
 
Amor é um drama amargo como poucos, que mostra a fragilidade da vida e a beleza do amor, com atuações fantásticas de duas lendas do cinema europeu e uma direção sensível de Michael Haneke.

O melhor filme brasileiro também é um dos melhores que conheço. Cidade de Deus é violento, feio e real. Uma verdade triste sobre o mundo de hoje e da década de 70 e 80 (nas quais é ambientado).

Tido como o maior filme da história, Cidadão Kane é um filme atemporal que moldou o cinema como o conhecemos hoje.
 
Brilho eterno de uma mente sem lembranças é de um roteiro surreal e originalíssimo de Charlie Kaufman. Engraçado e triste, é um retrato delicado e sensível das emoções humanas.

 Forrest Gump é um filme delicado que homenageia a vida humana de um modo inédito, temperado com um trabalho incrível do ator Tom Hanks.

Este é um filme interessante que deixa explícito as mais desagradáveis emoções humanas. Um thriller poderoso que revela o dom da diretora Kathryn Bigelow.

 Na minha opinião ainda melhor que Pulp Fiction (que é tido como a obra prima de Tarantino e um dos melhores das últimas décadas), Bastardos Inglórios é um filme violento e original que dissimula a história e nos apresenta personagens e ações inesquecíveis.

O Silêncio dos Inocentes é um suspense elegante e impecável estrelado por Jodie Foster que explora problemas psíquicos.

A obra prima do diretor Ang Lee é um romance entre dois homens que explora de modo memorável e natural não só a sexualidade humana como seus outros dramas e as mudanças que passar do tempo causa na vida de todos nós.

De Martin Scorsese, Taxi Driver é um filme interessante que é estrelado por Robert De Niro e mostra duras verdades.

Sensível e feminista, As horas conta com um elenco poderoso que nos ensina a fragilidade da juventude, a inevitabilidade da morte entre outras frustrações.

O melhor melodrama do cinema é também um dos recordistas de público. Nele James Cameron dá uma aula de direção (das caras) e leva ao estrelato uma das melhores atrizes de sua geração: Kate Winslet.

Este filme iraniano é uma pérola do cinema. Narra uma história comovente (porém visceral) da separação de um casal e de um jogo de intrigas, e o impacto disso na vida da filha.

Beleza Americana é uma sátira delicada das sociedades modernas, dirigido por Sam Mendes.

Um filme crítico e debochado que explora a tensão nuclear durante a Guerra Fria.

Este thriller argentino sobre a investigação de um crime despe a alma de seus personagens e revela os mais variados sentimentos humanos.

O filme que praticamente inaugurou o neo-realismo italiano é um marco no cinema mundial. Não é exagero dizer que todos os dramas modernos devem a ele. Narra a história de um homem desempregado que tem seu instrumento de trabalho roubado.

Este filme é muito interessante que interliga narrativas e as une para mostrar a beleza da vida, mesmo cheia de problemas.

Um conto de amizade e amadurecimento sobre a desumanidade e indiferença da sociedade para com o outro. É um filme belíssimo.

Nem WALL-E conseguiu fazer com que esta deixasse de ser minha animação predileta. Charmoso, emocionante e muito engraçado.

Talvez fosse melhor ter colocado "Trilogia", que os três filmes são excelentes. Mas foi o primeiro quem inaugurou uma nova forma de fazer cinema com base em histórias fictícias e fantasiosas.

 Um drama pesado e violento em uma sociedade de algum tempo desconhecido, mas ainda assim (infelizmente) muito parecida com a nossa.

Danny Boyle cria uma narrativa interessante para contar uma história bastante humana de crescimento, miséria e separações.

O obra prima de Steven Spielberg é bastante pessoal, um épico biográfico sobre um homem que salvou a vida de mais de um milhar de judeus durante o Holocausto.

Laços de Ternura acompanha décadas de convivência familiar e emociona com sua simplicidade e humanidade despretensiosa.

 Um dos maiores clássicos do cinema e o melhor do gênero narra as atividades da máfia e a interação do padrinho com o resto de sua família.

O melhor filme de Clint Eastwood é um western original sobre um personagem repugnante e frio.

Tido como o melhor filme de Hitchcock, Vertigo inaugura técnicas de narrativa e fotografia com um suspense inteligente e elegante.

Estrelado por Elizabeth Taylor e Richard Burton, este é um drama amargo, triste e cheio de farpas que mostra uma das piores faces do conflito humano.

E então gostaram? Concordam? Comentem!